Governo reserva 75 milhões para requalificação da linha, executada a partir de 2021. Serviço estará encerrado ao público durante as obras.
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Daqui a seis anos, se entrarmos no comboio em Oliveira de Azeméis poderemos levar pouco mais de meia hora a chegar ao Porto. A Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM) viu, finalmente, ser incluída no Programa Nacional de Investimentos (PNI) a requalificação da Linha do Vouga entre Espinho e Oliveira de Azeméis. Há 75 milhões previstos para a obra, para fazer entre 2021 e 2025.
Ontem, o Vouguinha devia ter chegado às 14.55 horas à estação de S. João da Madeira. Mas só arrancou já o relógio marcava quase 15.30. Sandra Santos apanha-o uma vez por semana. "Quando ando no Vouguinha não posso fazer planos". Ia para Espinho, onde ainda teria que fazer uma caminhada para apanhar o comboio Urbano. "Já nem conto o tempo que levo. O comboio anda quase parado. Um comboio mais rápido e que chegue ao Porto será muito bom". O sonho, já antigo, está prestes a tornar-se realidade. "Teremos a linha reconvertida em 2025, o que permitirá reduzir substancialmente o tempo de percurso", explica Joaquim Jorge, presidente da AMTSM.
O que vai ser feito
O projeto inclui alargar a bitola, mudar as carruagens que vão passar a ser como as dos comboios urbanos do Porto, eletrificar a linha, corrigir o traçado para reduzir o trajeto, estações mais bem localizadas e unir a Linha do Vouga à Linha do Norte, através de uma ligação à estação de Espinho.
A reivindicação dos municípios onde o Vouguinha faz paragens - Espinho, Feira, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis - conta mais de duas décadas. Foi incluída agora no PNI até 2030. "Por ser prioritária, está calendarizada para acontecer entre 2021 e 2025", diz Joaquim Jorge. Nesse período, a linha encerrará ao público.
Um estudo encomendado pela AMTSM à Faculdade de Engenharia do Porto apontou caminhos para a requalificação da linha e despertou a atenção da tutela. "O investimento previsto no estudo era de 95 milhões de euros. Temos 75 milhões contemplados, o que já é muito importante. Se não forem suficientes, municípios e Governo terão que trabalhar para financiar o que falta, que pode ser encontrado em fundos comunitários". Previstos estavam já 24 milhões pela Infraestruturas de Portugal, para eletrificação e automatização das passagens de nível, que "deixa de fazer sentido e que poderá usado para o valor que falta".
Esta é uma vitória, diz o autarca, de todos os presidentes de uma região com 300 mil pessoas. "Em 2025, levaremos pouco mais de meia hora a chegar ao Porto, sem ter que mudar de comboio e em condições de segurança e conforto. Contribuir para a descarbonização, as pessoas vão trocar o automóvel pelo comboio".