Numa carta emotiva aos trabalhadores da Impresa, os filhos de Francisco Pinto Balsemão sublinham o legado de liberdade, rigor e pioneirismo do fundador. Lembram-no como um homem que quis deixar o mundo melhor - e conseguiu.
Corpo do artigo
No dia seguinte à morte de Francisco Pinto Balsemão, os filhos do fundador da Impresa dirigiram-se aos colaboradores do grupo com uma carta onde destacam o legado "eterno" de um homem que, dizem, "quis deixar o mundo melhor do que o encontrou".
"Achámos que não chegaria porque começámos a acreditar que Francisco Pinto Balsemão - pai, marido, avô, jornalista, empreendedor - era eterno", começa o texto assinado por Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro Balsemão.
Referem o orgulho de terem aprendido com o pai, de o ouvirem, de receberem os seus elogios - e até os seus reparos. "São atitudes e gestos que guardamos na memória com a importância que ele sempre nos mereceu e continuará a merecer."
Num dia vivido com "grande dor", os filhos reforçam o sentimento de união entre todos os que privaram com Balsemão, dentro e fora da família. "Estamos todos unidos no mesmo sentimento de perda porque todos fizemos parte da sua família: mulher, filhos e netos, mas também os muitos profissionais que colaboraram ou colaboram com a Impresa."
"A luta pela liberdade de expressão"
Para os filhos, a perda não é apenas familiar ou empresarial. É nacional. "A perda não é só para nós. É também para todo o setor, como figura ímpar e visionária da comunicação social, e para o País, como um dos pais fundadores da nossa democracia."
Numa carta que intercala o tom íntimo com o institucional, os filhos agradeceram a todos os que "construíram com Francisco Pinto Balsemão uma história que deu ao País ventos de liberdade, com o Expresso, ventos de modernidade, com a SIC, ventos de mudança, com o pioneirismo que sempre o caracterizou".
O texto recupera ainda palavras marcantes do próprio Balsemão sobre o valor inegociável da liberdade. "O princípio é a liberdade. A exceção é a restrição", citam, frisando que esse foi sempre o fio condutor da sua vida: "A luta pela liberdade de expressão em geral e, em especial, pelo direito a informar e a estar informado."
Francisco Pinto Balsemão, antigo primeiro-ministro, fundador do PSD, do jornal Expresso e da SIC, morreu na terça-feira, aos 88 anos. O velório decorre esta quarta-feira a partir das 18.30 horas no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. A missa realiza-se na quinta-feira, às 13 horas, no mesmo local. O funeral será reservado à família.
Francisco Pinto Balsemão teve cinco filhos de três relações. Do primeiro casamento com Isabel Costa Lobo Cardoso, conhecida por Belicha, nasceram Mónica e Henrique. Com Mercedes Balsemão, a quem chamava carinhosamente de Tita, teve Joana e Francisco Pedro. Já Francisco Maria é filho de Isabel Supico Pinto. Todos, ligados de diferentes formas ao universo da Impresa, partilham agora a missão de continuar o legado de um homem que, recordam, tratou todo "com amizade e dignidade".