
O rei emérito de Espanha, Juan Carlos, à chegada a Vitória, no País Basco, esta quarta-feira, para uma consulta médica, antes de se deslocar a Cascais, em Portugal
Foto: L.Rico/EPA
O rei emérito espanhol lança "Reconciliação" a 5 de novembro em França. No livro de memórias, Juan Carlos I fala da família, da transição e da relação com Corinna Larsen, reconhecendo erros e desentendimentos com Letizia.
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O rei emérito espanhol Juan Carlos I prepara-se para lançar, em França, as suas memórias "Reconciliação". Escrito com a biógrafa Laurence Debray, o livro promete revelar episódios pessoais e políticos, incluindo os desafios da transição e detalhes íntimos da família real.
Em entrevista ao diário francês "Le Figaro", Juan Carlos explica a motivação: "Duvidava em escrever este livro, mas pouco a pouco apercebi-me de que os filhos e netos dos meus amigos não tinham a mínima ideia de Franco nem da transição democrática que se seguiu." Aos 87 anos, o antigo monarca recorda os anos de serviço ao país e a necessidade de testemunhar a história.
O pai do rei Felipe VI pretendia lançar o livro mais cedo, mas, como refere, o seu filho, Filipe VI, mostrou preocupação com o facto de o conteúdo ser direto e sem filtros, levando a que se optasse por adiar a publicação. Além disso, a edição francesa será lançada antes da espanhola para evitar coincidências com o 50.º aniversário da morte de Francisco Franco, no dia 20 de novembro.
O livro aborda ainda relações polémicas, como a sua ligação a Corinna Larsen, que Juan Carlos qualifica de "uma relação que foi um erro" que lamenta "amargamente". Teve um "impacto prejudicial" no seu reinado e na sua vida, afirma. O monarca reconhece que esta relação afetou a estabilidade familiar e contribuiu para a sua decisão de se afastar de Espanha.
Desentendimentos com Letizia e conselhos a Leonor
Segundo a revista "Vanitatis", Juan Carlos admite a existência de um "desacordo pessoal" com a nora, Letizia, e aponta que "ela não ajudou a fortalecer os (...) laços familiares." Trata-se da primeira vez que o antigo chefe de Estado se refere publicamente a tensões internas na família real desde a chegada de Letizia em 2003.
O livro inclui ainda conselhos à neta, a princesa Leonor, a herdeira ao trono. "Que confie em si mesma, que cumpra o seu dever com simpatia e benevolência", recomenda, sublinhando a importância do respeito pela Constituição espanhola e da preparação como futura rainha.
Juan Carlos mantém a convicção de que estas memórias servirão para refletir sobre a história recente de Espanha: "Espero que o meu livro exorcize os nossos demónios, que estão a regressar." A edição em Espanha está prevista para três semanas depois da francesa, coincidindo com o cinquenta aniversário da morte de Franco, uma efeméride que o rei emérito utiliza para reforçar o seu papel na passagem do franquismo à democracia.
Em plena polémica pela publicação das suas memórias, o rei emérito, que vive em Abu Dhabi, aterrou esta quarta-feira em Vitoria, onde se desloca habitualmente desde a sua residência em Abu Dabi para realizar exames médicos de rotina. Juan Carlos I ficará alguns dias na cidade antes de viajar até Cascais, Portugal, seguindo posteriormente para regatas de Sanxenxo, nos dias 8 e 9 de novembro, segundo avançou o jornal "El Mundo".

