A obra será lançada no ano em que se completam cinco décadas da proclamação de Juan Carlos I. Livro reúne memórias e reflexões do rei emérito sobre a sua trajetória e papel na história da Espanha.
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O rei emérito da Espanha, Juan Carlos I, publicará as suas memórias no outono, num gesto simbólico que coincide com os 50 anos da sua proclamação como chefe de Estado, ocorrida a 22 de novembro de 1975. A obra, intitulada “Reconciliación”, será lançada pela editora Planeta e resulta de uma série de conversas com a jornalista francesa Laurence Debray, que recolheu testemunhos do monarca ao longo dos últimos anos.
Segundo a editora, o livro propõe um balanço da vida pública e privada de Juan Carlos I, com foco na sua trajetória institucional e nos desafios enfrentados durante a transição democrática em Espanha. A intenção declarada do monarca é preservar a sua memória histórica e contextualizar os acontecimentos que marcaram o seu reinado, salientando a sua vivência enquanto chefe de Estado, mesmo reconhecendo os erros cometidos nos últimos anos.
A publicação não abordará aspetos íntimos nem assuntos sensacionalistas. De acordo com fontes próximas, Juan Carlos optou por não tratar de questões de foro pessoal ou segredos de Estado, centrando-se antes em transmitir as suas reflexões sobre episódios decisivos da história recente espanhola e os sentimentos que estes lhe despertaram.
Excertos divulgados indicam um tom introspetivo e até confessional. O rei emérito admite ter contrariado o conselho do pai, que lhe sugerira nunca escrever memórias. “Os reis não se confessam”, dizia. Ainda assim, Juan Carlos revela ter decidido publicar o livro por sentir que “estão a roubar a história”.
“Reconciliación” será também publicado em francês pela editora Stock, do Grupo Hachette, e deverá contar com uma versão em inglês.
A narrativa percorre desde a infância de Juan Carlos no exílio em Estoril, Portugal, até à sua saída voluntária para Abu Dhabi, em 2020, já afastado da vida pública. Segundo a nota oficial, trata-se de uma obra “escrita de coração aberto e sem concessões”, que destaca os principais protagonistas políticos da Espanha contemporânea e retrata o papel do rei emérito como peça central na construção do Estado democrático moderno.
A ausência de celebrações oficiais em território espanhol pelo cinquentenário da sua ascensão terá também contribuído para a decisão de lançar o livro.