A polícia de Londres revelou, esta quarta-feira, que mais 90 pessoas acusaram o falecido magnata Mohamed Al-Fayed de agressão sexual, dois meses após a BBC exibir um documentário, no qual 21 mulheres denunciaram o antigo dono dos armazéns Harrods de abusos da mesma natureza e violação.
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Desde que a BBC emitiu, em setembro, um documentário com 21 acusações de violação e agressão sexual alegadamente cometidas por Mohamed Al-Fayed, que faleceu em agosto de 2023, aos 94 anos, não param de aumentar os testemunhos contra o empresário egípcio.
Segundo as autoridades, o falecido magnata pode ter abusado de mais de 111 mulheres ao longo de quase quatro décadas, o que, como sublinha o “The Guardian”, faria de Al-Fayed, caso fosse vivo, um dos criminosos sexuais mais relevantes do Reino Unido. Alegadamente, a sua vítima mais nova teria apenas 13 anos.
A Scotland Yard, sede central ou quartel general da Polícia Metropolitana de Londres, acrescentou que cinco indivíduos não identificados estão a ser investigados por serem suspeitos de ajudar ou permitir os crimes sexuais do antigo donos dos armazéns Harrods.
Decorre ainda uma revisão processual para apurar se investigações anteriores perderam oportunidades de apurar factos contra o pai de Dodi Al-Fayed, o namorado da princesa Diana, que faleceu no mesmo acidente de viação que a vitimou, em 1997. Em causa, alegações de corrupção e a eventual implicação de antigos ou atuais agentes da polícia.
As acusações mais antigas remontam a 1979 e os abusos duraram mais de 30 anos, até 2013, anos em que Mohamed Al-Fayed foi detido, apesar de nunca ter sido alvo de processos judiciais.
Há cerca de duas semanas, três mulheres que trabalhavam na Harrods acusaram ainda o irmão do empresário, Salah Fayed, falecido em 2010, de as ter agredido sexualmente. Segundo os relatos, tudo terá acontecido entre 1989 e 1997, em Londres, no sul de França e no Mónaco, e as denunciantes afirmam também ter sido violadas por Mohamed Al-Fayed.
Contactada pela AFP, a atual direção do Harrods já afirmou que “apoia a coragem destas mulheres” em testemunhar e incentivou-as a uma abordagem para “pedir uma indemnização” e obter apoio.
Enquanto isso, o movimento “Justiça para Sobreviventes do Harrods” diz ter sido contactado por mais de 420 pessoas, vítimas mas também testemunhas, sobre incidentes semelhantes, quer na loja de departamentos, como no clube de futebol Fulham e no hotel Ritz em Paris, que também pertencia ao magnata.