Os benefícios, os riscos de sermos mal interpretados e as estratégias para controlarmos o impulso de responder.
Corpo do artigo
A cultura da aceleração, numa vida carregada de ritmo, nem sempre dá margem para parar, ouvir e refletir antes de falar - ou para decidir de forma construtiva não falar sequer. Mas, em muitas situações, ganhamos em ficar calados.
Certamente já deu por si a pensar que numa certa discussão talvez tivesse sido melhor ter ficado calado. Não por concordar com a outra pessoa, mas porque o impulso de responder num ápice, sem pensar, não levou a lado nenhum. Ou talvez já tenha tentado adotar o silêncio com um familiar, um amigo, um chefe no trabalho, para mostrar uma posição. A verdade é que a cultura do silêncio não está muito presente nas sociedades do sul da Europa. “Vivemos constantemente acelerados, com necessidade de ter coisas a acontecer, de ter ruído, de antecipar, de ocupar e ocupar, não há tempo de reflexão, há muita pressa.” Emília Araújo, investigadora e professora de Sociologia na Universidade do Minho, diz que hoje parece até estranho pensarmos sobre o que está a acontecer antes de reagirmos, porque isso exige tempo. “Tem tudo a ver com o ritmo, a nossa vida tem muito ritmo e, por vezes, estar em silêncio num determinado momento não significa que não haja ação, que ele não tenha efeitos.”