Se se provar que o primeiro-ministro mentiu, impõe-se uma moção de censura, concordaram Aguiar-Branco e Passos Coelho. Já quanto à abstenção do PSD na votação do orçamento houve divergências. Os dois candidatos apresentaram ontem as suas ideias para o país.
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A posição do PSD face ao Orçamento de Estado (OE) foi a grande clivagem no frente-a-frente que opôs, ontem à noite, Aguiar-Branco a Passos Coelho. Enquanto o actual líder parlamentar crê que o "interesse nacional" forçava a abstenção, pois "as consequências da sua não viabilização seriam bem mais graves do que as que derivariam dele", Passos Coelho acha que se o PSD alertasse que não aprovaria um "orçamento mau", "os mercados internacionais perceberiam que a oposição estava a chamar o PS à razão" e o OE seria "melhor".
Se a Comissão de Inquérito chegar à conclusão de que o primeiro-ministro mentiu e que houve interferência no negócio PT/TVI, ambos defenderam a apresentação de uma moção de censura.
Aguiar-Branco explicou as linhas estratégicas do seu programa: recuperar os valores, reforçar a competitividade das empresas com inovação e obras de proximidade e não em grandes obras públicas e uma aposta na economia social.
Passos Coelho destacou "pequenas medidas com grande alcance pelo seu exemplo": tributo social, com horas de trabalho nas juntas de freguesia ou nas instituições de solidariedade, de quem beneficia de prestações sociais, utilizar o fundo de garantia para o sector financeiro que não foi utilizado e criar um fundo de emergência para as empresas.
Os dois negaram ter pedido o apoio de Pedro Santana Lopes, um dia depois de este último ter afirmado que aquelas candidaturas o tinham procurado para esse efeito.