
A Esquerda democrática perdeu as eleições "por não ter sido ela própria, por se ter deixado colonizar ideologicamente e por ter feito políticas que não são as suas", concluiu, esta tarde de sábado, Manuel Alegre, no Congresso do PS.
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Esta é a conclusão de Manuel Alegre, para quem essa mesma Esquerda deixou-se "embalar pela canção enganadora da terceira via" e o PS deve agora "afirmar a sua autonomia", não sendo "o terceiro partido centro direita, nem a ala esquerda do bloco central".
Perante o congresso nacional, este sábado à tarde, o ex-candidato presidencial sublinhou que os socialistas não estão a realizar este conclave "para que tudo fique na mesma".
Considerando que "nunca foi tão grande a responsabilidade do PS e do seu secretário-geral", explicou que se trata de "enfrentar um novo e terrível ciclo da História" e de "libertar a democracia confiscada por essa nova forma de ditadura, que é a ditadura dos especuladores e dos mercados financeiros".E, "para isso, temos de afirmar de novo com toda a clareza a autonomia do PS, desta vez contra a Direita", defendeu.
"O grande desafio que a História nos coloca é sermos capazes de encontrar, aqui e na Europa, uma nova resposta, uma nova visão, uma nova estratégia, uma nova radicalidade democrática", defendeu, garantindo que não está a propor "um tumulto nem a incendiar o país". Quem o está a fazer "é Passos Coelho e o seu Governo" com as medidas que estão a ser tomadas, garante. E "é por fundamentalismo ideológico que o Governo está a ir além da troika".
Alegre diz que foi bom ouvir o secretário-geral dizer "com toda a firmeza que o PS não está disponível para uma revisão constitucional que ponha em causa o Estado Social". E que está contra a privatização da Águas de Portugal e da RTP. "Acrescento que também devia reponderar a privatização dos CTT", ressalvou Alegre.
Notando que o memorando da troika "não é um texto sagrado", afirmou que o PS é fiel aos seus compromissos mas "não pode ir atrás do fundamentalismo do Governo".
"Os socialistas têm sentido de Estado. Mas não se peça ao PS que seja cúmplice de uma política de direita contra o Estado Social e a coesão do país. O PS não é o terceiro partido centro direita, nem a ala esquerda do bloco central", alertou Alegre.
O PS é o primeiro partido da Esquerda e é também o partido da responsabilidade democrática", defendeu, concluindo que a tarefa de Seguro "não é fácil, mas é um privilégio". "Podem contar comigo, pela esquerda dos valores, pela liberdade e pelo socialismo", rematou no congresso.
