O presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, António Saraiva, afirmou, esta quinta-feira, que não sabe como é que o Governo vai conseguir que as empresas reflitam a redução da Taxa Social Única nos seus produtos ou serviços.
Corpo do artigo
"Não estou a ver como é que o Estado pode ter influência nas decisões da economia privada", afirmou o dirigente patronal, em conferência de imprensa, para reagir às medidas de austeridades anunciadas pelo Governo.
Em declarações aos jornalistas, António Saraiva considerou que "teria sido diferente se o Governo previamente tivesse contratualizado com essas empresas regras para com esta redução [da Taxa Social Única (TSU)] e com este aumento da margem de lucro que lhes permitirá pudessem ser geridas contrapartidas para este efeito".
No Parlamento, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, apelou à "pressão pública e política" sobre os "grandes grupos económicos" para reduzir o impacto das medidas de austeridade, nomeadamente as relativas à contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social.
Mas o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), defendeu que como "o Governo não o fez antes [de anunciar a descida da TSU para as empresas], é muito difícil que o possa fazer à posteriori".
Ainda assim, o dirigente patronal deixou um apelo para que "as empresas saibam encontrar formas de canalizar para os custos dos serviços que prestam essa obtenção de margem".
Questionado sobre o tema por deputados do PCP durante uma audição da comissão parlamentar permanente, o ministro das Finanças respondeu que, para os setores regulados, "faz parte das funções dos reguladores garantir o alinhamento entre preços e custos, e isso deverá ser capaz de resolver uma parte importante das questões que o senhor deputado [Bernardino Soares] legitimamente levanta".
No resto da economia, disse Gaspar, "a consciência social dos grandes grupos económicos torna-os naturalmente sensíveis à pressão pública e à pressão política que naturalmente deverá ocorrer".