A comissão parlamentar de Defesa aprovou, esta quarta-feira, por unanimidade, uma proposta do PCP de uma audição urgente do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, sobre a situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
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"O ministro da Defesa, na sua última audição ordinária [na comissão] há uns meses atrás lamentou que ninguém lhe tivesse perguntado nada sobre os estaleiros, seria muito estranho que agora não quisesse vir cá responder", afirmou o deputado comunista António Filipe.
O deputado do PCP sustentou o pedido de audição com a desistência de um dos dois candidatos à reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e com "as informações recentes que mostram a empresa praticamente paralisada" e em risco de não cumprir o contrato assinado com a Venezuela para a construção de dois navios asfalteiros no valor de 128 milhões de euros.
"O país não pode assistir a mais situações destas, depois do triste folhetim do Atlântida [com o governo açoriano], agora assistimos à inviabilização do cumprimento destes contratos, o país não pode estar a desperdiçar centenas de milhões de euros sem que ninguém responda, o responsável político tem de vir aqui fazer um ponto de situação", defendeu.
O PSD e o CDS-PP aprovaram a audição pedida pelo PCP, mas a hipótese desta só se realizar daqui a três semanas (a 26 de fevereiro, quando estava agendada uma audição ordinária do ministro da Defesa) motivou protestos da oposição, que exigiram que haja uma reunião o mais rápido possível e apenas para discutir os ENVC.
"Eu consideraria no mínimo desonesto que a maioria votasse a proposta do PCP por vergonha de votar contra e o fizesse de forma a fazer cair a vinda do ministro na sua vinda ordinária à comissão no dia 26 para tratar só do assunto dos ENVC", declarou o socialista Marcos Perestrello.
Também António Filipe, do PCP, defendeu que "a proposta só faz sentido se lhe for dada execução com caráter de urgência": "Esta questão deve ser discutida já e não daqui a algumas semanas".
Neste contexto, o deputado do CDS João Rebelo vincou que a maioria aprova o pedido do PCP e defende que o debate sobre os ENVC seja separado do debate ordinário (de caráter geral), mas que a marcação da audição resulta de um entendimento do presidente da comissão com o gabinete do ministro.
Durante a discussão desta proposta, o deputado do PS José Lello também pediu a palavra: "Eu não tenho nenhum interesse em que o senhor ministro [da Defesa] cá volte, o senhor ministro é perfeitamente irrelevante, quem eu gostaria que cá viesse é o senhor ministro Miguel Relvas, que é quem manda no Governo".