"Se os talibãs, ou alguém, pensarem em tornar a destabilizar o Afeganistão, esqueçam. Ficaremos até o trabalho estar concluído", garantiu hoje o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, na assinatura da Declaração de Lisboa com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, no Parque das Nações.<br /><br />» <a href="http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1712019">Participe aqui no debate sobre este segundo dia da cimeira</a>
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"Nos últimos anos, houve muitos encontros sobre o Afeganistão, mas este é diferente", sublinhou Rasmussen, "porque aqui, em Lisboa, estamos a fazer com que os afegãos voltem a sentir-se donos da sua própria casa".
O secretário-geral da NATO explicou depois, sob o olhar atento de Karzai e Ban Ki-Moon, que "o primeiro acordo, baseado nas condições no terreno, tem por objectivo que as forças locais assumam a segurança do seu país em 2014. Para isso, todos (os 48 países da ISAF) concordaram em aumentar o número de formadores no terreno. Este é, seguramente, um novo marco no Afeganistão", declarou.
E, para sublinhar a sua confiança na viabilidade de cumprir o calendário da transição, Rasmussen referiu números, não só relativos ao reforço observado no Verão do número de tropas da NATO no terreno - na maioria dos EUA -, mas também sobre os progressos das forças locais. "Temos agora 260 mil tropas afegãs operacionais e esperamos ter 300 mil no próximo ano; 85% estão já a participar das operações conjuntas de patrulha com as forças da NATO", disse.
Karzai demonstrou a mesma confiança, embora admitindo que a sua posição, de comandante supremo das Forças Armadas afegãs - que tem de necessariamente fazer a guerra e, ao mesmo tempo, procurar cativar os inimigos para conversações de paz - não seja confortável.
Quanto ao aspecto bélico, Karzai preferiu sublinhar que, "embora o povo afegão esteja grato aos sacrifícios feitos pelos aliados e pelo apoio fornecido na educação e saúde, também informei das preocupações em relação às baixas civis provocadas pela NATO". E, no que respeita à eventual reconcliação com os talibã, Karzai deixou bem claro que "uma comissão de Reconcliação foi formada em Julho e estamos a vançar rumo a conversações de paz - conduzidas pelos afegãos", enfatizou. "E isso foi entendido pelas forças internacionais", concluiu, realçando a vontade afegã de assumir a liderança de todas as frentes - civil e militar - no país.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que baptizou o documento rubricado pelas três partes como "Declaração de Lisboa", realçou a sua especificidade: "É um grande progresso em relação às outras reuniões anteriores", disse, proclamando que a ONU "dará o seu apoio aos aspectos civis da transição". E sublinhou, na conclusão da sua intervenção, as preocupações de todos quanto "aos direitos humanos, a boa governança e as boas relações entre o Afeganistão e os vizinhos".
Ou seja, em relação aos direitos da mulheres afegãs, à corrupção no Executivo do próprio Karzai e dos senhores feudais que controlam grande parte do país, e em relação ao Paquistão, que os analistas dizem continuar a dar apoio aos talibã.