A auditoria ao Taguspark detectou vários problemas financeiros e de gestão do pólo tecnológico, que vai acabar o ano com um "prejuízo significativo", de acordo com o presidente executivo, Nuno Crato.
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"A auditoria detectou uma série de problemas e erros financeiros e de gestão, mas competirá à assembleia geral pronunciar-se", disse em entrevista à Agência Lusa Nuno Crato, que substituiu Américo Thomati, após este e dois outros administradores, Rui Pedro Soares e João Carlos Silva, terem sido constituídos arguidos no âmbito da investigação Face Oculta.
Sem poder adiantar mais pormenores, Nuno Crato disse que a auditoria, pedida pelos accionistas na assembleia-geral de Maio, foi "muito séria e profunda a aspectos financeiros e de gestão" e estará concluída dentro de dias.
A auditoria, realizada pela BDO, empresa independente escolhida por concurso público, incide sobre os anos de 2008, 2009 e 2010 e vai ser discutida na assembleia-geral de acionistas do Taguspark de 29 de Novembro. "A assembleia-geral é que se vai pronunciar e decidir o que há a fazer", disse.
"Prejuízo significativo no final do ano"
Nuno Crato adiantou à Lusa ter encontrado "uma situação difícil" e admitiu que "as contas não estão bem", antecipando que o pólo tecnológico deverá ter um "prejuízo significativo no final do ano".
Em cima da mesa da assembleia-geral estará também a polémica que levou à saída dos três administradores da anterior gestão, constituídos arguidos pelo Ministério Público (MP) por corrupção passiva para acto ilícito, no processo judicial que investigou o contrato publicitário entre Luís Figo e o Taguspark e que surgiu com base em escutas telefónicas do processo Face Oculta.
O MP concluiu que o contrato realizado serviria não para divulgar a imagem daquele pólo tecnológico, como tinha sido anunciado, mas para servir "interesses estranhos e contrários" à empresa, "utilizando-a para beneficiar terceiro", num "apoio político-partidário", que era o primeiro-ministro, José Sócrates, na campanha legislativa de 2009.
Os accionistas vão concentrar-se também na suposta tentativa de, numa primeira fase, a administração da Taguspark adquirir parte da Media Capital, detentora da TVI.
"O Taguspark é forte"
Questionado sobre as consequências da polémica em torno da investigação Face Oculta para o Taguspark, Nuno Crato frisou: "A polémica vai ser encerrada e os problemas de imagem corrigidos. Esta administração não tem nada a ver com essas coisas que se passaram. O Taguspark é tão forte que não serão essas vicissitudes temporárias que vão afectar o seu desenvolvimento e o das empresas".
O responsável disse estar "optimista" e sublinhou que agora o Conselho de Administração "quer por uma pedra no assunto e tem um grande projecto para levar para a frente".
O relatório e contas de 2010 e o plano de catividades para 2011 serão também discutidos na assembleia-geral de Novembro, em que a Câmara de Oeiras é o principal acionista com 16,09% das ações.