O Banco de Portugal indicou hoje, segunda-feia, que foi informado pelo BCP da visita da delegação ao Irão, antes e depois, tendo lembrado ao banco liderado por Carlos Santos Ferreira as restrições legais internacionais contra o Irão.
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O esclarecimento surge na sequência da divulgação de vários telegramas da diplomacia norte-americana disponibilizados pelo Wikileaks, e revelados pelo jornal espanhol El País, sendo que um dos telegramas dava conta da disponibilidade do presidente do BCP para canalizar para Washington informações sobre o sistema financeiro do Irão, situação que o banco já negou.
"O Banco de Portugal esclarece que foi previamente informado pelo Banco Comercial Português de uma visita de uma delegação daquela instituição a Teerão", diz o supervisor, acrescentando que enviou uma carta ao BCP a sublinhar a legislação internacional "que impõe medidas restritivas contra o Irão".
Na legislação estão "os procedimentos específicos a observar pelas instituições financeiras nas suas actividades com entidades financeiras sedeadas no Irão, bem como as proibições de financiamento ou de assistência financeira estabelecidas naquela legislação".
O BCP terá informado o Banco de Portugal que havia tomado as medidas "julgadas necessárias" para cumprir com as suas obrigações em todos os níveis, tendo informado o regulador após a visita que "não desenvolvera qualquer actividade comercial com os bancos iranianos".
A embaixada dos Estados Unidos em Lisboa recusou comentar estes telegramas, numa nota enviada à a Agência Lusa. Lê-se na nota que, "por uma questão de política interna, o Departamento de Estado não comenta documentos alegadamente derivados de uma fuga de informação".
O Millennium BCP nega ter proposto aos Estados Unidos recolher informações sobre o Irão a troco de poder fazer negócios com Teerão.