Bastonário dos Advogados espera que Cavaco seja aconselhado a nomear governo de salvação nacional
O bastonário da Ordem dos Advogados disse, esta sexta-feira, esperar que o Presidente da República seja aconselhado a nomear um governo de salvação nacional, considerando que devido à crise PSD e PS "não podem estar numa dialética de oposição".
Corpo do artigo
"Como patriota que sou, espero que o Conselho de Estado aconselhe o Presidente da República a tomar uma decisão patriótica, nomear um governo de salvação nacional, um governo liderado pelo PSD, mas integrando o Partido Socialista", afirmou à agência Lusa, no Funchal, Marinho Pinto.
O bastonário, que se encontra na Madeira para participar numa tertúlia com jovens advogados, sustentou que face à crise "os dois maiores partidos do arco do poder não podem estar numa dialética de oposição, têm que convergir para as soluções que o país precisa".
"A gravidade dos problemas que o país atravessa exige que as soluções não sejam encontradas no quadro restrito de opções ideológicas e específicas de cada partido, mas sim no quadro de opções de futuro que os principais partidos encontrem à mesa das negociações", preconizou Marinho Pinto.
Para o dirigente da Ordem dos Advogados, o PS "é importante para esse projeto", partido que, no seu entender, "não pode estar na comodidade da oposição num momento destes", além de que, "neste último ano, deu muitas provas de responsabilidade e fez menos oposição do que o outro parceiro da coligação".
"E isto é muito importante que seja tido em conta pelas entidades responsáveis deste país", declarou Marinho Pinto, salientando que o Chefe de Estado é o "garante do regular funcionamento das instituições democráticas".
O Presidente da República reúne hoje o Conselho de Estado para analisar a crise da Zona Euro e a situação nacional, marcada pela contestação à Taxa Social Única (TSU) e pelo clima de instabilidade na coligação governativa.
A reunião do órgão político de consulta do Presidente da República foi anunciada na passada sexta-feira, uma semana depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ter anunciado novas medidas de austeridade para 2013, na sequência da quinta avaliação da 'troika' ao Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal.
O anúncio do aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social de 11 para 18 por cento e da redução da taxa devida pelas empresas de 23,75 para 18 por cento foi a medida que suscitou mais contestação junto da maioria dos setores políticos e sociais.
A reunião do Conselho de Estado está marcada para a 17:00, no Palácio de Belém, e contará, na primeira parte, com a presença do ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar.
Marinho Pinto acrescentou que "os objetivos do Governo falharam" e que os "medicamentos" utilizados "para atalhar a doença do país" agravaram os seus males, considerando que, neste momento, o primeiro-ministro "não lidera nada neste país".
"O dr. Passos Coelho não lidera o país, depois destas manifestações (...) porque o país está contra", referiu, sustentando: "Não lidera o Governo, porque, como vimos, o parceiro da coligação fez o que fez, não lidera o Governo porque os próprios ministros do seu partido andam a dar notícias para a comunicação social de que também estavam contra a TSU".
Para Marinho Pinto, Passos Coelho também não lidera o próprio partido "porque são, cada vez mais, as vozes" do PSD "a estar contra estas medidas", reiterando a necessidade de um governo de salvação nacional.