BE desvaloriza desafio para moção de censura e acusa PS de pretender crise política artificial
O deputado do Bloco de Esquerda João Semedo acusou hoje, sábado, o PS de estar a provocar uma crise política artificial ao desafiar a oposição a apresentar uma moção de censura ao Governo.
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Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Comissão Política do PS, Capoulas Santos, considerou que há uma "tentativa de decapitação" do primeiro ministro, José Sócrates, e desafiou os partidos da oposição a apresentarem uma moção de censura ao Governo.
O eurodeputado socialista manifestou-se "indignado" com o que considera ser uma tentativa de decapitação do primeiro-ministro por parte de quem "se arvora agora como paladino da liberdade de informação e que, provavelmente, não questiona quem, neste momento, controla efectivamente os órgãos de informação em Portugal", referindo-se a notícias publicadas sobre o caso Face Oculta.
Confrontado com estas declarações do ex-ministro socialista, João Semedo contrapôs que "a direcção do PS tem há muito definida, praticamente desde a tomada de posse deste Governo, uma estratégia conducente à abertura de uma crise política artificial, empolando um pretenso quadro de instabilidade e de dramatização da vida política portuguesa".
O dirigente do Bloco de Esquerda referiu-se também à posição assumida na sexta-feira pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, "dizendo que estes problemas [credibilidade do primeiro ministro, José Sócrates] se resolvem em eleições".
"Na perspectivo do Bloco de Esquerda, as declarações de Capoulas Santos inscrevem-se nesta lógica do Governo e do PS de criarem um clima de dramatização e de crise política artificial", referiu ainda João Semedo.
Sobre o desafio feito pelo PS para a apresentação de uma moção de censura, João Semedo contrapôs que o Governo "acaba de receber uma verdadeira moção de confiança da parte do CDS e do PSD”, partidos que viabilizaram o Orçamento do Estado para 2010 através da abstenção.
Em relação ao caso "Face Oculta", o dirigente do Bloco de Esquerda disse que "há um problema a que o Governo tem fugido a responder: é preciso que fique esclarecido se o primeiro-ministro e o Governo intervieram directa ou indirectamente em operações envolvendo empresas públicas para influenciar a orientação de órgãos de comunicação social".
Neste contexto, João Semedo referiu-se a declarações recentemente proferidas pelo presidente da PT, Henrique Granadeiro, à revista "Visão" e Jornal de Negócios, segundo as quais teria sido "encornado" no processo de tentativa de compra da Media Capital por parte da sua empresa.
"Este tipo de declarações de Henrique Granadeiro mais justifica a constituição de uma comissão de inquérito na Assembleia da República, porque até agora o Governo tem-se refugiado sistematicamente num foguetório argumentativo sobre este caso", acrescentou.