O BE antecipou, esta segunda-feira, que o encontro entre o primeiro-ministro e o líder do PSD para analisarem a conclusão do programa de ajustamento servirá para combinarem qual "a dose de austeridade" que têm para oferecer aos portugueses.
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Em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o presidente da República com vista à marcação das eleições europeias, o coordenador do BE João Semedo afirmou que, depois da troika ter chegado a Portugal pelas mãos de um governo PS, com o apoio do PSD e do CDS, a segunda troika terá também o apoio daqueles três partidos.
"O segundo programa de austeridade, a segunda troika, seja ela qual for, seja em que versão vier, seja com que roupagem vier será pela mão do Governo PSD/CDS, com o apoio do PS", sublinhou.
Por isso, disse João Semedo, o encontro que se irá realizar ao final da tarde entre o primeiro-ministro e o líder socialista servirá apenas "para combinar mais uma vez qual é a dose de austeridade que têm para oferecer aos portugueses".
"É essa a expetativa que infelizmente temos ao que têm sido as atitude, a posições políticas de António José Seguro, que continua a olhar mais para a direita do que para a esquerda e isso condenará o país a mais anos de austeridade absolutamente inúteis porque a dívida continuará a crescer", acrescentou.
A audiência entre Passos Coelho e António José Seguro, marcada para as 18.45 horas, surge na sequência do convite do primeiro-ministro ao líder do PS para analisar em conjunto o processo de conclusão do programa de assistência financeira e para a construção de uma "estratégia de médio prazo".
Reduzir a abstenção
O BE considerou que nas eleições europeias há a "exigência democrática" de todos contribuírem para a redução da taxa de abstenção, alertando para que o ato eleitoral representa também uma oportunidade para se clarificar a vida política nacional.
"Do ponto de vista do BE há uma exigência democrática que se coloca a todos os intervenientes na vida política portuguesa - o que inclui os órgãos de soberania, os partidos políticos, mas também a comunicação social - essa exigência é de todos contribuírem para que nas próximas eleições europeias a taxa de abstenção seja reduzida e se criem condições para que o maior número de eleitores e eleitoras participem nas eleições desta vez", afirmou João Semedo.
Sublinhando que as eleições europeias, que deverão ser marcadas para 25 de maio, "têm imensa importância, não apenas para os destinos europeus, mas também para a política nacional", o coordenado do BE assinalou que o ato eleitoral representará também uma "oportunidade para os portugueses de clarificar vida política".
Pois, acrescentou, o que está em causa nesse dia é se os "portugueses rejeitam esta política de austeridade e se exigem do governo e dos responsáveis políticos uma política diferente de deixar de respeitar apenas os interesses dos credores e das instituições europeias e desenvolverem uma política nova, diferente que defenda o emprego, a economia, as famílias portuguesas e o país".
João Semedo adiantou ainda que a campanha do BE será, nesse sentido, uma "campanha contra as políticas de austeridade e campanha pelo referendo ao tratado orçamental".
Questionado sobre que preocupações foram transmitidas pelo chefe de Estado, o coordenador do BE recusou revelar o teor da conversa com Aníbal Cavaco Silva, adiantando apenas que os temas nacionais também foram motivo de troca de ideias.