O Bloco de Esquerda duvida da intenção admitida pelo Governo de criar um imposto especial sobre os mais ricos e advertiu que se for em sede de IRS "não terá grandes impactos".
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"A informação que se tem da parte do Governo é muito parca. Aguardamos para ver, mas temos algumas reservas sobre se será efectivada até porque vem em contra-ciclo com as medidas que o Governo tomou", afirmou o deputado Pedro Filipe Soares, em declarações à Agência Lusa.
A criação de um imposto especial sobre os mais ricos deverá ser discutida durante o debate da lei do enquadramento orçamental, que acontecerá nos próximos dias, disse à Lusa fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro.
O deputado disse que o BE "tem apresentado desde 2009 propostas para taxar as grandes fortunas e que o PSD e o CDS-PP tem sempre votado contra".
"Esperamos que agora seja possível alcançar-se esse desiderato", afirmou.
O deputado do BE sublinhou que "não se percebe" em que momento e de que forma é que o Governo pretende lançar a discussão sobre a matéria, já que a lei de enquadramento orçamental que será discutida nos próximos dias na especialidade "contém alterações de pormenor".
O deputado considerou que a hipótese admitida pelo Governo "contraria a opção política tomada recentemente de criar um imposto extra para a maioria dos portugueses e deixar de fora quem tem juros de capital e quem tem dividendos de empresas".
Pedro Filipe Soares advertiu que se a alteração "for na sequência do que está a ser pensado em França, através do IRS, não terá grandes impactos".
O imposto, defendeu, deverá incidir sobre as "transferências de capital para `off-shores", sobre património mobiliário, juros, operações de capital e não sobre rendimentos do trabalho que são taxados de forma crescente no IRS", advogou.