O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo desafiou este sábado o PS a alinhar numa moção de censura contra o Governo, na sequência do anúncio das medidas resultantes da sétima avaliação da 'troika' em Portugal.
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João Semedo falava aos jornalistas à margem de um colóquio, em Lisboa, promovido pelo Bloco de Esquerda sobre "Desigualdade e pobreza".
Num recado direto ao secretário-geral do PS, António José Seguro, o coordenador do Bloco de Esquerda sustentou que "a gravidade das medidas" na sexta-feira anunciadas pelo ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, que "significam mais três anos de austeridade, de recessão e desemprego justificam uma moção de censura".
"Fizemos esse desafio ao PS e teve na altura uma resposta negativa, mas agora a situação evoluiu ainda mais dramaticamente para o país e para muitos milhares de portugueses. É altura de o PS dizer não ao memorando da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional)", considerou João Semedo.
Para o coordenador do Bloco de Esquerda, "é altura de o PS dizer não à 'troika' e apresentar uma moção de censura que clarifique politicamente onde está a esquerda e onde está a direita em Portugal".
Por seu turno, a coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins insistiu na demissão do Governo na sequência da sétima avaliação da 'troika', num discurso em que fez duras acusações aos ministros de Estado Vítor Gaspar e Paulo Portas.
Sobre os resultados da sétima avaliação da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) à economia portuguesa, a coordenadora do Bloco de Esquerda acusou o Governo de propor "mais desastre, mais desemprego, mais cortes e mais empobrecimento".
"O que Vítor Gaspar propõe é mais uma década de austeridade, propõe que os avós vivam pior para construir um futuro em que os filhos vivem pior do que os pais e em que os netos vivem pior do que os avós. O que Vítor Gaspar propõe é a destruição da democracia no garrote da dívida", sustentou a dirigente bloquista.
Depois, Catarina Martins citou críticas feitas em 2010 pelo líder do CDS, Paulo Portas, ao Governo socialista de José Sócrates.
"Um ano e meio depois de Governo PSD/CDS, o endividamento aumentou mais 50 mil milhões de euros, subiram os impostos mais 30 por cento, há mais 400 mil desempregados. Quem fez discursos contra a situação económica do país em 2010 não pode agora esconder-se a inaugurar ginásios a milhares de quilómetros de distância. Paulo Portas tem de demitir-se", afirmou, recebendo uma prolongada salva de palmas.
A coordenadora do Bloco de Esquerda estendeu a seguir a exigência de demissão a todo o Governo, incluindo o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
"Demitam-se, porque o país apreciaria muito esse gesto", declarou.
Ainda em relação a Paulo Portas, Catarina Martins considerou que "há limites para o cinismo na política".
Paulo Portas e Pedro Passos Coelho "não têm rumo e querem dar cabo da democracia com a ditadura da dívida", acrescentou.