
Vasco Lourenço lamentou, esta segunda-feira, que o país esteja "longe dos ideais" da revolução de 1974, embora reconheça que se encontra "muito melhor" do que nos tempos da ditadura. O capitão de Abril apelou ainda a todos os portugueses que votem para que as "decisões não sejam tomadas por meia dúzia".
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"O país está longe dos ideais que ambicionávamos, embora esteja muito melhor do que estava, mesmo com esta crise", disse à Agência Lusa, nas comemorações dos 37 anos do 25 de Abril, na Avenida da Liberdade.
Embora o país não esteja como sonhava, Vasco Lourenço garantiu que voltaria a participar na revolução. Mas adianta que há muito para mudar, nomeadamente a "classe política" que tem governado o país.
"Todos temos de votar e não abdicarmos dos nossos direitos. Mesmo que seja em branco", afirmou o militar, sublinhando, porém, que não apela ao voto em branco.
O militar argumentou ser "sempre preferível votar e não deixar para meia dúzia a solução dos problemas". "Temos de votar e dizer presente", disse.
O capitão de Abril lembrou que todos estão abrangidos pelo apelo, mesmo quem se "desiludiu no passado" quando fez as suas escolhas nas urnas.
Vasco Lourenço defendeu ainda que os movimentos cívicos se devem "desenvolver à volta de ideias e não de personalidades, por mais sonantes que sejam".
Para os próximos eleitos para o Parlamento, no sufrágio de 5 de Junho, o militar deixou um recado: "Queremos proclamar que o povo português tem a única e verdadeira soberania nacional e a Assembleia da República tem o dever se opor a desígnios que visem soluções que imponham ainda mais sacrifícios aos que já os suportam".
Quando se fez a revolução de Abril, podia-se dizer que se "estava à rasca, com a guerra e a ditadura". "A nossa geração conseguiu resolver a situação e esta geração (a actual) vai ser capaz de encontrar a solução", defendeu.
No discurso, num palco montado no Rossio após a manifestação que desceu a Avenida da Liberdade, Vasco Lourenço disse que a "democracia resolve-se com a democracia" e criticou a "corrupção e o compadrio entre o poder político e o poder económico-financeiro parasitário".
Em resposta a um participante no comício que gritava "fora os partidos", o militar afirmou que os "partidos são essenciais para a democracia".
