<p>O presidente da República optou pelo silêncio perante o ataque especulativo à dívida soberana portuguesa por considerar que cabe ao Governo liderar o contra-ataque e procurar consensos com a Oposição. À semelhança do que aconteceu ontem com o PSD.</p>
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Confrontado com o rebentar da crise financeira, e já depois de ter sido informado sobre o encontro de urgência entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho, Cavaco recusou comentar a situação.
"Acompanho o evoluir da turbulência nos mercados financeiros internacionais naquilo que respeita à dívida soberana de Portugal e as vicissitudes diárias por que passa essa turbulência, mas entendo que neste momento não devo fazer qualquer comentário".
Mira Amaral concorda com esta gestão do silêncio. "O presidente não pode ser preso por ter cão e preso por não ter. Se falasse a favor do Governo, estaria a segurá-lo; se criticasse, estaria a atacá-lo e a agravar o problema".
O antigo ministro de Cavaco e actual presidente do Banco BIC afirma que "esta é altura do Governo assumir as suas competências executivas".
Quando Portugal caiu no radar das agências de notação por contágio da grave crise da Grécia, Cavaco saiu em defesa do Governo e criticou Joaquin Almunia pelas suas declarações "infelizes e incorrectas".
Além de não ter gostado da comparação entre as duas situações, Cavaco Silva deu uma lição de economia ao comissário europeu. "Não é só uma questão de injustiça, mas de incorrecção. Peço que analisem com capacidade e rigor os números porque concluirão que não existe qualquer comparação".
Ângelo Correia aprova a dosagem das intervenções de Cavaco. O antigo ministro afirma que "o presidente da República tem dado todo o apoio necessário e, em alguns casos, um apoio espontâneo, à tomada de algumas medidas necessárias e tem também explicado abundantemente as diferenças entre a situação de Portugal e da Grécia. Tem sido exemplar", garante o gestor da Fomentinvest.
Vítor Ramalho concorda que "a postura do presidente tem sido de claro apoio ao Governo e ao PEC" e interpreta este silêncio como um "compasso de espera".
"Houve uma evolução muito positiva do PSD, no sentido de ser dialogante e construtivo. O presidente pode ter optado pelo silêncio em função do encontro para ver os resultados", conclui o antigo governante socialista.