Com a convocação do Conselho de Estado para amanhã, sexta-feira, às 17 horas (o último dia útil antes da votação do Orçamento do Estado, na terça-feira), o presidente da República amplifica o seu último apelo ao Governo e ao PSD para que seja evitada uma crise política. <br />
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Cavaco Silva já tencionava reunir os conselheiros, mas ontem, quarta-feira, com a ruptura das negociações entre o Governo e o PSD, tudo se precipitou e o agendamento da reunião foi imediato. Por esta via, o presidente quer fazer mais um apelo a favor da estabilidade política.
Embora nenhum dos conselheiros de Estado tenham antecipado as opiniões que vão expressar ao presidente da República, é conhecido, por algumas declarações públicas anteriores, o sentimento generalizado contra o eclodir de uma crise política, num quadro de dificuldades económicas e financeiras acrescidas.
Neste contexto, é previsível que o apelo de Cavaco Silva à responsabilidade dos agentes políticos possa ser reforçado com o resultado da reunião do Conselho de Estado. Ou seja, a voz do presidente terá, a partir de amanhã, sexta-feira, uma reforço de amplificação, no sentido de alertar para as dificuldades acrescidas que a rejeição do OE traria para Portugal.
Hoje, quinat-feira, após o Conselho de Ministros, o primeiro-ministro parte para o Conselho Europeu, em Bruxelas, onde ouvirá avisos relativamente às consequências que recairão sobre Portugal se o OE não for aprovado.
Ainda hoje, quinta-feira, o líder do PSD estará igualmente em Bruxelas, numa reunião do PPE (Partido Popular Europeu), e Pedro Passos Coelho também não escapará a pressões dos seus parceiros europeus para que tudo seja feito a fim de evitar maior derrapagem financeira de Portugal.
De acordo com a Constituição, o presidente da República está, nestes últimos seis meses do mandato, impedido de dissolver o Parlamento. Mas, no caso de o primeiro-ministro apresentar a demissão, Cavaco terá como opções questionar a disponibilidade de Sócrates se manter em funções de gestão até haver novo Executivo, eventualmente só em Março de 2011. Se Sócrates recusar, a solução seria solicitar ao PS a designação de outro dirigente para assumir a chefia de um Executivo para governar sem OE.