O Presidente da República defendeu, esta quarta-feira, que é através do empreendedorismo e da inovação que Portugal pode melhorar a sua competitividade e subir na escala de valor, recusando o caminho dos salários baixos.
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"É através do empreendedorismo e da inovação e não através de salários baixos que Portugal pode melhorar a sua competitividade para aumentar as exportações e criar mais emprego", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas no final da cerimónia de entrega do prémio "Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa", que decorreu na Cidadela de Cascais.
Questionado se considera, então, que os salários baixos são um "mau cartão de visita", Cavaco Silva insistiu que não é por essa via que Portugal conseguirá "subir na escala de valor" e melhorar a sua competitividade.
"Mas isso digo eu há muitos, muitos e muitos anos", disse, recusando igualmente a via dos salários baixos para resolver o problema do desemprego jovem.
Na semana passada, o economista e antigo dirigente do PSD António Borges, conselheiro do Governo para as parcerias público-privadas, defendeu que diminuir os salários não é uma política, mas "uma urgência".
Insistindo na tónica do empreendedorismo e da inovação e na necessidade de levar as empresas às universidades e as universidades às empresas, o Presidente da República considerou que esse é o caminho para Portugal vencer as dificuldades.
Além disso, acrescentou, é também preciso confiar no contributo que poderá existir dos "portugueses de talento espalhados pelo mundo fora", que já têm obra feita e podem "olhar às potencialidades do país e às suas capacidades de investimento".
"Importa valorizar esta capacidade, este talento, eu tenho feito isso sempre, mas importa passar das palavras aos atos", frisou.
Questionado sobre as iniciativas do Governo para combater o desemprego jovem anunciada hoje no final do Conselho de Ministros, o Presidente da República escusou-se a comentar, argumentando que só ao final da tarde irá ter a reunião semanal com o primeiro-ministro, altura em que Pedro Passos Coelho lhe transmitirá as informações que entender sobre a matéria.
O chefe de Estado reiterou, contudo, que o desemprego é "sem dúvida nenhuma" um dos "maiores dramas" que existe em Portugal, lembrando que até já a 'troika' referiu isso no seu último relatório.