O presidente da República, Cavaco Silva, homenageou hoje, domingo, os cinco portugueses mortos no acidente laboral de Novembro, nas obras do Túnel de Dos Valires, em Andorra, numa cerimónia no local e onde estiveram as principais autoridades andorranas.
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Apesar do vento forte e gélido, dezenas de portugueses ocorreram ao local onde estiveram representantes dos dois co-príncipes (chefes de Estado andorranos), do primeiro-ministro, Jaume Bartumeu, membros do governo e outras autoridades.
Uma curta cerimónia marcada por um minuto de silêncio e que se realizou exactamente quatro meses depois do acidente, um dos mais graves acidentes laborais da história de Andorra.
"Trata-se de prestar homenagem a todos os que perderam a vida neste acidente de trabalho", disse aos jornalistas Cavaco Silva, que conclui no local a sua visita a Andorra.
"Já tive ocasião de me encontrar com familiares dos trabalhadores que perderam a vida aqui e de agradecer às autoridades de Andorra o apoio que prestaram aos familiares dos portugueses", explicou.
Cavaco Silva confirmou que os familiares lhe deram conta do diferendo que permanece em torno às indemnizações, uma situação que as autoridades andorranas e portuguesas continuarão a acompanhar.
"Hoje houve uma exposição da parte de familiares. Informaram da situação e dos problemas ainda não resolvidos e o embaixador (de Portugal em Andorra la Vella) ficou encarregado de fazer as demarches adicionais que podem ser feitas neste momento para ajudar", afirmou.
Antes da cerimónia, Cavaco Silva manteve um encontro privado com Maria Clara Machado, viúva de António Mateus, uma das cinco vítimas mortais do acidente, que causou ainda seis feridos, todos portugueses.
Das cinco vítimas mortais, duas residiam em Andorra e três em Portugal, estando temporariamente no território para a obra do túnel.
Quando as obras estiveram concluídas - antecipa-se que no final deste ano - a lápide e o monólito serão colocados no seu local permanente, ainda a definir.
Meses depois do sinistro ainda se aguarda os resultados finais de um processo judicial sobre eventuais responsabilidades criminais das empresas responsáveis pela obra, as espanholas Dragados e Dragaso.
O tribunal solicitou um parecer técnico sobre as causas do acidente e paralisou a secção da extensa obra onde ocorreu o sinistro. A restante parte da obra recomeçou a 18 de Janeiro.
Quanto ao local, do sinistro em si, e apesar de apelos em sentido contrário, ainda nada foi retirado e os ferros retorcidos que se abateram sobre os trabalhadores continuam no local. Na base da estrutura ainda é visível uma fita fina da polícia.
Em entrevista à Lusa, esta semana, o primeiro-ministro andorrano, Jaume Bartumeu, garantiu que o executivo não vai intervir para acelerar ou pressionar a justiça.