Chefe do Governo de Andorra quer falar sobre economia e comunidade portuguesa com Cavaco Silva
O chefe do Governo de Andorra quer aproveitar o seu encontro com o Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, para analisar os temas económicos e a questão da integração da comunidade portuguesa no Principado.
Corpo do artigo
Jaume Bartumeu tem previsto um encontro formal com o Presidente da República no sábado, na sede do Governo, no centro da cidade de Andorra la Vella.
"Além da questão da integração da comunidade, queremos falar da economia, da adaptação da nossa legislação e da possibilidade de acompanhar os nosso empresários a investir em Portugal e que empresários portugueses venham investir em Andorra", disse, em entrevista à Agência Lusa.
Bartumeu destaca a importância da visita de Cavaco Silva, a primeira de um chefe de Estado desde a Constituição de 1993. Até agora, Andorra apenas foi visitada pelos seus próprios chefes de Estado.
Andorra é a única diarquia do mundo: dois chefes de Estado, conhecidos como co-príncipes: o bispo da localidade de Urgel, na Catalunha, e o Presidente francês.
O facto do presidente francês ser 'príncipe' significa que Andorra é também a única monarquia constitucional onde o chefe de Estado é eleito democraticamente.
"É a primeira vez que o Governo andorrano vai receber uma visita de um Presidente de um país amigo. Estamos a adaptar o nosso protocolo para receber o Presidente da melhor forma possível", disse.
Na conversa entre Cavaco Silva e Jaume Bartumeu deverá ainda figurar alguma referência à questão do ensino do Português em Andorra, que Lisboa quer que passe a ser uma língua integrada no currículo escolar, como opção entre as línguas estrangeiras.
Admitindo que essa introdução é possível, Bartumeu refere que o assunto ainda está a ser estudado pelo Ministério da Educação e que tem que ser visto no contexto da adaptação em curso no próprio sistema educativo andorrano.
"O nosso sistema educativo nacional tem uma construção sobre a base da pluralidade de línguas. Temos que procurar chegar a um objectivo que possamos compartir, facilitar aos filhos dos portugueses que vivem e trabalham em Andorra manter os laços com a sua língua materna, não sem fazer um mau serviço ao conjunto do sistema", disse.
"Defendemos a adaptação das línguas estrangeiras, mas não o podemos fazer abruptamente", disse o chefe do Governo, referindo, por exemplo, os problemas que também se notam na "gestão do francês como segunda língua".
Sobre a comunidade portuguesa em si, Bartumeu considera que é um grupo "num processo muito avançado de integração" e que, como os andorranos, vive "o processo de adaptação a um novo modelo económico".
"Avançámos muito com os acordos bilaterais com Portugal. Muitos empresários que estavam a trabalhar com incerteza jurídica, porque não podiam ter as empresas no seu próprio nome, agora já podem consolidar-se", disse.
"Temos uma boa situação actual, com os empresários e os trabalhadores a poderem participar, em primeira linha, nesta renovação da economia e sociedade andorranas", frisou.