<p>O confronto verbal entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, que animou o primeiro debate quinzenal desta legislatura, continuou fora da Assembleia da República. "Primeiro-ministro não tem conciência do cargo que ocupa", disse a líder social-democrata. PSD elegeu "linha política de coscuvilhice", retorquiu o o secretário-geral do PS.</p>
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Em declarações aos jornalistas, no final do debate quinzenal no Parlamento, Manuela Ferreira Leite rejeitou a acusação feita por José Sócrates de que tentou pressionar a justiça na intervenção que fez sobre as escutas ao primeiro-ministro: "Não fiz nenhuma pressão sobre a justiça".
Durante o debate, Manuela Ferreira Leit e José Sócrates trocaram acusações de comportamento indigno. Veja as declarações durante o debate.
A presidente do PSD voltou a criticar as declarações do dirigente socialista e ministro da Economia, Vieira da Silva, e do vice-presidente do grupo parlamentar do PS Ricardo Rodrigues sobre essas escutas. Com essas declarações, o Governo e o PS disseram primeiro "que a justiça estava a fazer espionagem política" e depois "que a espionagem estava a favorecer o partido da oposição", disse Ferreira Leite.
"A acusação que foi feita é de uma gravidade tal que não me lembro de algum dia ter acontecido em nenhum país democrático na Europa", considerou.
Questionada sobre em que posição fica, no seu entender, José Sócrates, que hoje não disse se subscreve ou não as declarações de Vieira da Silva e de Ricardo Rodrigues, a presidente do PSD respondeu: "Acho que não tem consciência, como lhe disse, da importância cargo que desempenha".
"Um primeiro-ministro tem de ter consciência de que isto é uma situação extremamente grave e não pode deixar de se pronunciar sobre ela", defendeu Ferreira Leite.
Sócrates fala em "coscuvilhice"
Falando aos jornalistas no final do debate quinzenal, na Assembleia da República, José Sócrates insistiu nas críticas a Manuela Ferreira Leite.
"O PSD dirigiu uma política de buraco de fechadura. No fundo, a drª Manuela Ferreira Leite elegeu em linha política a coscuvilhice e o que quer saber é o que está nas escutas. Acho isto abaixo de qualquer classificação, porque é degradante para a nossa vida pública, para as instituições democráticas e é indigno", acusou em tom inflamado.
Sócrates lamentou depois que o PSD "siga uma linha de ataque pessoal, de lançamento de lama e suspeições".
"Reparo que a drª Manuela Ferreira Leite quer continuar nesta linha, mas encontrar-me-á pela frente, porque eu luto contra isso e lutarei contra isso, já que isso degrada a nossa vida pública", considerou.