DECO diz que medidas de austeridade são bomba de napalm e de destruição da classe média
Uma bomba de Napalm para os mais pobres e uma bomba de destruição da classe média é como o secretário-geral da DECO, Jorge Morgado, qualificou, esta sexta-feira, as medidas de austeridades apresentadas pelo primeiro-ministro.
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"Isto são medidas completamente brutais sobre a classe média, são bombas de destruição. Há estratos da classe média que estão em risco de deixar de o ser. E sobre os mais pobres são bombas de napalm, que não deixam nada. São situações dramáticas para os mais pobres e extremamente penosas para a classe média", afirmou à Lusa o secretário-geral da associação de defesa dos consumidores (DECO).
Jorge Morgado alertou para as classes que vão entrar em incumprimento com estas novas medidas, lembrando que muitas famílias compraram casa há uns anos sem poder prever que os seus rendimentos iam ser substancialmente reduzidos.
"É alterar as regras do jogo, ainda por cima sem medidas económicas que possam dar alguma esperança de que o crescimento económico vai aumentar", acrescentou, salientando que a situação é agravada por não se saber quanto tempo vão durar estas medidas.
"Estamos num túnel sem ver a luz, ou melhor, num túnel que parece tornar-se cada vez mais escuro", afirmou, defendendo que estas medidas "estão a levar as pessoas para uma situação de depressão psicológica".
Sobre os subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos, que o Governo já anunciou que vão ser retidos nos próximos dois anos, Jorge Morgado afirmou: "Os 14 meses de salário por ano são fundamentais para a vida económica das famílias, para pagar despesas escolares, compromissos em atraso, seguros da casa e carro ou até repor electrodomésticos que precisam ser substituídos. Sem isto, as pessoas ficam sem tábua de salvação".
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou na quinta-feira que as medidas do OE2012 visam garantir o cumprimento dos acordos internacionais, e que passam, entre outras, pela eliminação do subsídio de férias e de Natal para os funcionários públicos e pensionistas que recebem mais de mil euros por mês, enquanto durar o programa de ajustamento financeiro, até ao final de 2013.
Os vencimentos situados entre o salário mínimo e os 1000 euros ficarão sujeitos a uma taxa de redução progressiva, que corresponderá em média a um só destes subsídios.
As pensões acima do salário mínimo e abaixo de mil euros sofrerão, em média, a eliminação de um dos subsídios.
O chefe do Governo afirmou que há um desvio orçamental de 3 mil milhões de euros e anunciou também que o executivo vai reduzir o número de feriados e permitir que as empresas privadas aumentem o horário de trabalho em meia hora por dia, sem remuneração adicional.