O administrador da Media Capital Juan Herrero admitiu hoje, sexta-feira, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito ao negócio PT/TVI que "provavelmente" o desagrado público do primeiro-ministro com o Jornal de Sexta da TVI terá pesado na SUA suspensão, destacando queixas da ERC e do Sindicato dos Jornalistas.
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Questionado pela deputada do CDS-PP Cecília Meireles sobre se a contestação do primeiro-ministro, José Sócrates, àquele jornal pesou na decisão de o suspender, Juan Herrero afirmou que "provavelmente sim".
Juan Herrero está a ser ouvido na comissão de inquérito à atuação do Governo na tentativa de compra da TVI, detida pela Media Capital, pela PT.
No entanto, ressalvou que, na tomada de decisões como aquela, entram vários motivos, apontando que desde há meses havia queixas da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) e do Sindicato dos Jornalistas sobre o Jornal de Sexta.
"Desde Fevereiro de 2009, desde esse momento que tínhamos questionado" essa hipótese, disse, notando que o jornal "era mais caro que os outros, tinha mais meios dedicados que os outros" e era necessário "uniformizar a grelha".
"Cada dia tínhamos mais queixas de diferentes instituições governamentais e não só, do Sindicato dos Jornalistas", afirmou, clarificando depois que se referia "fundamentalmente à ERC" quando citou "instituições governamentais".
O administrador disse que a mudança de pivot do Jornal de Sexta "era uma hipótese" em cima da mesa na decisão de "modificar o jornal" e que a decisão não partiu de alguém em concreto e foi tomada no conselho de administração.
Juan Herrero disse que nunca teve contactos diretos ou indirectos com o primeiro-ministro, José Sócrates, e que nunca deu indicações à direcção de informação sobre o que dizer em antena.
Juan Herrero afirmou ainda que foi José Eduardo Moniz quem o contactou para mudar o vínculo empresarial porque estava cansado e queria fazer outras coisas. "Moniz dirigiu-se a mim para mudar o seu vínculo empresarial, com o grupo e a TVI, no mês de Março de 2009. Disse que queria mudar o seu vínculo e estava cansado e queria fazer outras coisas", disse Juan Herrero.
O administrador disse que o grupo Media Capital não queria que Moniz saísse da TVI e fez uma proposta para que ficasse, noutros termos. "Quando falamos pela primeira vez, manifestou interesse em permanecer vinculado à TVI. Ele recusou porque naquele momento já estava a negociar com a Ongoing", disse, acrescentando que no dia 5 Agosto 2009 chegaram a "acordo mútuo" de rescisão.