Vitória socialista aquém das expectativas, em parte por causa do avanço da CDU e da entrada de leão de Marinho Pinto. PS não aproveita abalo da Direita para disputar as legislativas na "pole position". <strong>»»» Conheça os <a href="/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3934032">deputados portugueses eleitos</a> »»» Leia também <a href="/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3933085">Frente Nacional provoca terramoto político em França e veja a composição do Parlamento Europeu, que pela primeira vez vai ter um representante do partido neonazi alemão.</a></strong>
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Há eleições assim, em que a uma derrota de grande dimensão não corresponde uma vitória esmagadora. Coligada, a Direita registou o pior resultado de sempre em europeias, abaixo dos 31,1% do PSD em 1999, tendo Pacheco Pereira como cabeça de lista, mas o PS não conseguiu assumir-se na plenitude como merecedor do voto útil. A fragmentação do eleitorado penalizou os partidos que subscreveram o pedido de assistência financeira externa, que (também) esteve em discussão na campanha. Em conjunto, recuaram de 66,6% para menos de 60%.
Rostos ocasionais da austeridade, Paulo Rangel e Nuno Melo provaram valer menos juntos do que separados - em 2009, a soma de PSD e CDS superou os 40%. No entanto, o resultado dos socialistas não é suficientemente robusto para abalar o Governo.
É certo que António José Seguro soma a segunda vitória depois das autárquicas. E pode até admitir-se que Francisco Assis tem razão, quando afirma que o país já se reconciliou com o partido. Mas daí a falar-se em "novo ciclo" vai uma distância enorme. Certo é que a entrada de José Sócrates na campanha teve pouco impacto: não assustou o eleitorado, como desejaria a Aliança Portugal, nem representou o valor acrescentado em que o PS apostava.
Maior percentagem do que em 2009, mais eleitos e, sobretudo, mais votos em termos absolutos, apesar do aumento da abstenção, tal como nas autárquicas: os comunistas figuram entre os vencedores, sendo mesmo os mais votados no distrito de Beja. Melhor do que João Ferreira, só Carlos Carvalhas em 1989 (14,4%). Assim de compreende o peito cheio de Jerónimo de Sousa. O anúncio da apresentação de uma moção de censura ao Governo deixou o PS engasgado.
Embora vaticinada pelas sondagens, a eleição de Marinho e Pinto fica na história. Com poucos meios e escassa cobertura mediática na campanha, superou o BE. À sombra do ex-bastonário dos advogados, o MPT multiplicou por dez a sua votação, tornando-se terceira força nas ilhas e em seis distritos do Continente. Às 1.45 horas desta segunda-feira, o Parlamento Europeu dava por adquirida a eleição do n.0º 2 da lista. À atenção dos grandes partidos...
Pela porta pequena sai o Bloco de Esquerda. Se houve voto útil, no campo anti-troika, concentrou-se na CDU. E é inegável que os 70 mil votos no Livre e os cerca de 12 mil no MAS saíram do redil bloquista - e dificilmente são recuperáveis. De três eleitos, resta Marisa Matias. Nada de comparável com o que aconteceu na Grécia com o Syriza, que inspirava o partido de Catarina Martins e João Semedo.