Os socialistas gostariam de ter uma orientação sobre o que fazer em relação ao caso Face Oculta.
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"Não é uma questão de tomar posição oficial, mas é natural que, perante as notícias que têm saído, os órgãos do partido se reúnam", disse ao JN a dirigente e ex-titular da pasta da Saúde, Maria de Belém Roseira.
Também a dirigente Edite Estrela advoga que "o PS deve tomar uma posição e rapidamente porque já se chegou longe demais nos ataques à democracia".
Para a eurodeputada socialista, "o desrespeito pelas autoridades, incluindo as judiciais, é de uma enorme gravidade, embora não se tenha dado grande importância a isso porque as atenções estão a ser desviadas, e não deve ser por acaso, para onde não deviam".
Na mesma linha, o líder da JS, Duarte Cordeiro, diz considerar "importante a Comissão Nacional reunir para falar sobre as negociações do Orçamento do Estado (OE), a questão da estabilidade e da governabilidade e para o secretário-geral falar da sua percepção sobre o que está a acontecer".
Como a última reunião teve lugar em Outubro e os estatutos dizem que deve ser convocada em cada três meses, "deveria estar a ocorrer outra", salienta.
Para Vítor Ramalho, "o que se está a passar é consequência directa do PS ter descurado o seu ideário, o debate de ideias e as questões que, no fundo, preocupam a sociedade portuguesa".
Depois de dizer à Rádio Renascença que Sócrates deveria dar "mais atenção ao partido" e "ouvir mais do que ouve", o presidente do INATEL diz que é preciso um enorme "sentido de responsabilidade" por parte de todos os partidos - incluindo o PS - como Cavaco Silva exortou.
Porque, alega, seria muito grave para o país uma "precipitação" que levasse à queda do Governo, ainda antes de Belém promulgar o OE para 2010, o que acontecerá em meados de Abril. Ramalho advoga ainda que, em vez de cada militante dizer o que entende, "é fundamental que haja um debate nos órgãos próprios do partido".
"Acho que não há razão para alterar os calendários normais. Se houver alguma reunião prevista não se deve adiar por causa do actual momento político; se não estiver também não deve ser marcada por causa disso", assinala o secretário de Estado da Energia e Inovação, Carlos Zorrinho.
Já Vítor Baptista, deputado e líder da federação do PS/Coimbra, desvaloriza a polémica: "Não vejo necessidade do PS reagir nem de tomar posição". "Isto é uma tempestade e como todas as tempestades tenderá a acalmar", diz, alegando que "não há nenhuma razão de substância para o PS ponderar uma reunião", porque estas questões "não põem em causa a liderança do PS".