A bastonária dos enfermeiros admitiu, sexta-feira, que há, em algumas situações, um consumo elevado de consultas médicas, considerando que as competências dos enfermeiros estão mal aproveitadas.
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"Há por vezes um consumo elevado de consultas médicas, não quer dizer que todos os cidadãos o tenham. Mas é possível ter outras alternativas que garantam, com segurança, os cuidados necessários aos cidadãos, que passam pela garantia da vigilância da saúde para, por exemplo, pessoas hipertensas", afirmou à agência Lusa a responsável da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta Sousa.
A bastonária reagia às declarações da ministra da Saúde que declarou na quinta-feira que os portugueses recorrem a "demasiadas consultas médicas", o que agrava o "consumismo em saúde".
Para os enfermeiros, a alternativa passa por aproveitar melhor a competência de todos os profissionais de saúde e não encarar os cuidados de saúde apenas como os cuidados médicos.
"É possível, por exemplo, os enfermeiros fazerem uma avaliação sem haver obrigatoriamente uma consulta médica todos os meses", refere a bastonária.
Para a representante dos enfermeiros, há em Portugal "uma cultura instalada" de que o acompanhamento da saúde só existe se houver uma consulta médica.
"Temos de aproveitar as competências instaladas dos vários profissionais de saúde", comenta.
Aliás, os enfermeiros querem que o próximo Governo coloque alguns destes profissionais a assumir funções que hoje são dos médicos, alegando que as suas competências estão mal aproveitadas e que é uma forma de garantir mais cuidados com menos custos.
O acompanhamento de doentes crónicos ou a requisição de sacos para fezes em pessoas com colostomia são alguns dos exemplos de tarefas que podem passar para a responsabilidade do enfermeiro.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) defende que alargar "o espectro profissional" para os enfermeiros pode ser uma forma eficiente de melhorar o acesso dos utentes.