Ferreira do Amaral: país vai sair da crise mais velho, mais pobre e mais violento
O economista João Ferreira do Amaral expressou, este sábado, a convicção de que Portugal vai sair da crise económico-financeira mais velho, mais pobre, mais desigual e mais violento.
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"A crise vai aumentar o envelhecimento da população porque vai reduzir o número de pessoas mais jovens devido à queda da taxa de fertilidade e aumento da emigração", defendeu João Ferreira do Amaral durante a conferência "Que Portugal depois da crise", que teve lugar em Fátima.
O economista alertou que as remessas dos emigrantes vão reduzir-se, apesar da subida que se verifica este ano, e que os portugueses terão de deixar de contar com este fator de financiamento do país: "Poderemos e deveremos contar com o aumento da pobreza, do qual deverão ser precisos muitos anos para recuperar", sustentou, justificando o cenário com o desemprego, a quebra de rendimentos e o endividamento das famílias.
João Ferreira do Amaral entende que o momento pós-crise em Portugal vai desembocar "na degradação social da vida urbana, no ressurgimento de bairros de lata, de fenómenos de violência e de marginalização, sobretudo nas zonas metropolitanas".
Segundo o economista, o futuro em Portugal será marcado "por um longo período de dificuldades", sendo inevitável apostar "na reestruturação do sistema produtivo português", já que, sublinhou, "um país não pode sobreviver enquanto a indústria pesar apenas 10, 13% do Produto Interno Bruto".
"Será inevitável outro pacote de ajuda"
O presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) lembrou, por sua vez, que "há ainda um papel que cabe ainda à Europa", se esta caminhar para "uma união mais federal e mais integrada". O problema, considerou João Duque, é que "a Europa está a dar sinais de desagregação e o Reino Unido de que poderá sair".
O economista afirmou estar preocupado com o fenómeno de rutura social e com um cenário futuro marcado pela "insegurança que pode levar ao êxodo das pessoas do país".
O presidente do ISEG reafirmou a ideia de que será inevitável outro pacote de ajuda internacional em Portugal, mas disse estar convencido de que após a crise o país vai exportar mais. "Vamos sair mais educados da crise, embora através de lições caríssimas", concluiu.
A conferência "Que Portugal depois da crise" realizou-se no âmbito do "Encontro dos Promotores Socioculturais das Comunidades Portuguesas" - que começou na sexta-feira em Fátima e se prolonga até domingo -, promovido pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, em parceria com a Obra Católica Portuguesa de Migrações e a Cáritas Portuguesa.