Governo de Andorra não vai intervir no processo judicial sobre acidente no túnel em que morreram cinco portugueses
O Governo andorrano não vai intervir para acelerar ou pressionar a justiça no âmbito da investigação sobre o acidente no Túnel dos Valires, em Novembro do ano passado, que causou cinco mortos e seis feridos, todos portugueses.
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Ainda assim, e como explicou em entrevista à Agência Lusa o chefe do Governo andorrano, Jaume Bartumeu, o Executivo quer que o processo possa andar o mais rapidamente possível.
"Desde o primeiro momento quisemos respeitar e vamos continuar a respeitar a independência do poder judicial. O Governo não vai nunca intervir junto do tribunal para forçar ou acelerar o processo", afirmou à Lusa, em Andorra la Vella.
"A justiça sabe o que tem que fazer. A procuradoria sabe que o Governo tem o interesse que isto vá rápido, mas bem. Mas o Governo não se vai por à frente da Justiça", sublinhou.
Por isso, ainda não foram retirados do local os ferros que se abateram sobre os trabalhadores portugueses e que ainda marcam essa secção da obra, paralisada por ordem judicial.
"Houve parlamentares que insistiam em que se retirasse os ferros. Claro que dão uma má sensação. Mas não se podem retirar porque a justiça ordenou que se mantenha nesta situação (até o processo estar concluído)", afirmou.
Bartumeu disse que a justiça deverá receber, nos próximos dias, um relatório técnico solicitado a três engenheiros independentes "a quem o tribunal encarregou de fazer o relatório das causas deste trágico acidente".
"Quando se conhecer este relatório poderemos falar sobre as causas, mas até lá o Governo apenas se limitou a pedir um estudo sobre a solidez da parte de obra já construída", que concluiu que "estava bem feita e com as condições suficientes e garantias suficientes de solidez", explicou.
"O que esse estudo recomendou foi rever alguns dos critérios para continuar a obra", afirmou.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que visita Andorra no fim de semana, tem previsto homenagear as vítimas do acidente deslocando-se ao local, onde será descerrada uma lápide e um monólito.
Esse monólito estará num local provisório e será transferido para um local definitivo quando as obras estiverem concluídas.
As obras foram retomadas, na parte do estaleiro não afectada pelo acidente, em meados de Janeiro.