O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou, esta sexta-feira, relativamente às manifestações de sábado, que o Governo não foi "cego" nem "surdo", nem ficará mudo "perante as dificuldades do país".
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"Nós não podemos e não somos surdos nem cegos relativamente ao país e seguramente não ficaremos mudos perante as dificuldades do país", disse o primeiro-ministro.
Passos Coelho respondia no debate quinzenal no Parlamento ao líder da bancada do CDS-PP, Nuno Magalhães, que o questionou sobre as manifestações de sábado.
"Não podemos apenas ficar satisfeitos porque apresentámos resultados, porque estamos a cumprir a nossa missão. Nós temos, dado que nos cabe a liderança política e do Governo, nós temos de saber, de encontrar forças, para mobilizar os portugueses. E nós reconhecemos que os portugueses têm hoje relativamente ao futuro uma expetativa diferente da que gostariam de ter", afirmou o primeiro-ministro.
Sem nunca se referir diretamente aos protestos, Passos Coelho disse que o Executivo deve "afastar qualquer visão arrogante ou paternalista", porque, apesar de saber que está "a resolver os problemas", tem "sentido de humildade para reconhecer que as dificuldades pelas quais as pessoas passam são muitíssimo grandes".
"Nós sabemos que o ajustamento português não acabou ao fim de um ano e que as dificuldades não acabaram ao fim de um ano e o esforço que temos que fazer não acabou ao fim de um ano", afirmou.
O primeiro-ministro, que reconheceu que houve "dificuldades acrescidas que não foram antecipadas", referiu-se à "negociação dura" mas com um "resultado positivo" com a "troika'.
"Portugal foi o único país sob assistência financeira que viu as metas serem revistas, isso só se faz em clima de confiança e de crédito sobre o caminho que está a ser percorrido", defendeu.
Passos Coelho afirmou que "é importante" que os portugueses saibam que as dificuldades e o esforço realizado são reconhecidos externamente.
"É importante que o país, que tem feito realmente um esforço que eu designei há um ano de colossal, um esforço realmente significativo, com grandes sacrifícios, para poder mostrar que tem vontade de cumprir, sem o que não temos confiança nem crédito, é importante que os portugueses saibam que isso já é reconhecido lá fora", disse.