A deputada ecologista Heloísa Apolónia defendeu, esta sexta-feira, a queda do Governo, afirmando que este perdeu o sentido da realidade e criticando-o por lançar programas de "estágio para a precariedade e os baixos salários".
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"Desde o memorando da "troika' há pessoas no seu país que abandonam tratamentos e cuidados de saúde porque está tudo mais caro e as pessoas têm menos dinheiro, que abandonam o ensino, que racionam na comida, mais de 100 mil desempregados num ano, só os declarados, é obra, centenas de empresas a fechar, é obra do Governo", criticou a deputada do PEV.
Heloísa Apolónia, que intervinha durante o debate quinzenal, afirmou que ao dizer que "o memorando está a criar uma condição mais favorável para o país" Pedro Passos Coelho "demonstra que está no alto de um pedestal e que não tem a perfeita noção do que se passa cá por baixo".
Já sobre o "Programa Impulso Jovem", a deputada ecologista apontou-o como "um estágio para a precariedade e para os baixos salários": "É dizer aos jovens habituem-se que este é o vosso futuro".
"A maioria e o Governo vêm dizer que é um programa de criação de emprego, mas não é nada disso é um programa de estágios a seis meses, com estas caraterísticas, pagam-se 419 euros aos com formação superior, 691 brutos, ao fim de seis meses rua ou então podem ter a sorte de ter um contrato curtinho", afirmou.
Por seu lado, o primeiro-ministro disse "conhecer bem" a realidade do país e rejeitou a visão do "emprego para a vida".
"Quando o Governo contribui para suavizar a crise os senhores deputados dizem que o melhor era criar um emprego, um emprego para a vida, essa é a obrigação do Governo, o Governo não faça programas que tenham outra ambição", ironizou.
"Senhora deputada, se o Governo anunciasse um programa com essas caraterísticas fazia um bonito muito grande mas teria a noção exata de que ele não teria execução financeira, porque não é o Governo que cria o emprego para a vida e as empresas não estão em condições nesta altura de ter uma oferta de emprego suficiente para poder absorver o desemprego, quanto mais emprego para a vida", acrescentou, acusando Apolónia de "demagogia".
Na resposta ao primeiro-ministro, a deputada do PEV acusou Passos de estar a "estrangular o mercado interno" e por essa via impedir a criação de emprego e defendeu a queda do executivo PSD/CDS-PP.
"Este Governo é de facto é uma nódoa, mas é uma nódoa que fica marcada, não sai com benzina, por isso é bom que ele caia, porque mais parece um arranha-céus que lá de cima deixou de ver o que se passa cá em baixo, o senhor primeiro-ministro não tem noção da realidade, este Governo desligou-se da realidade", concluiu.