Uma atitude "responsável e inteligente" que "devolve ao PS" a responsabilidade da viabilização do Orçamento do Estado para 2011. É assim que Marques Mendes e Ângelo Correia entendem a decisão do PSD de adiar, por uma semana, o sentido de voto no OE.
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Tanto o ex-líder do PSD, Marques Mendes, como um dos principais conselheiros e apoiantes de de Pedro Passos Coelho na candidatura à liderança do PSD, Ângelo Correia, acusam o Governo de não estar interessado em negociar as condições para a aprovação do OE e que o PSD faz bem em "manter a pressão" sobre o Governo.
"O que neste momento está a impedir um fecho positivo das negociações é o facto de o Governo querer mesmo uma crise política", afirmou, ao JN, o ex-líder do PSD, defendendo que Passos Coelho "fez lindamente" em adiar o anúncio da sua decisão.
"É uma atitude responsável e inteligente", disse, remetendo mais explicações para o seu comentário de hoje, quinta-feira, à noite na TVI24. Mas lembrando que sempre defendeu a viabilização e que será "um desastre para o país não haver OE".
Também Ângelo Correia culpa o PS pelo fracasso das negociações dos últimos dias com Eduardo Catroga, mas não se surpreende com o desfecho de ontem.
"Já calculava que seria assim. O PS não está a querer negociar porque não quer executar o OE que ele próprio propõe". E vai mais longe nas acusações: "O que o engenheiro Sócrates quer é uma razão para poder sair. Quer manter uma posição de irredutibilidade total porque se o Orçamento for chumbado ele será uma vítima e o PSD o culpado", disse, considerando ser "cedo" para antecipar o sentido de voto do PSD.
No entender de Ângelo Correia, com a decisão de adiar até à próxima terça-feira o seu sentido de voto, o PSD "devolve ao PS" a responsabilidade da viabilização do OE - que será votado na generalidade na próxima quarta-feira. Mas rejeita que se trate de um tabu. "É uma pressão condicionada. O PSD condiciona o seu sentido de voto", disse, admitindo que esta decisão vai ter custos para o país com o disparar dos juros da dívida externa.
Ontem, quarta-feira, Miguel Relvas apelou ao Governo para que "reconsidere" a disponibilidade para aceitar as propostas "realistas e construtivas" do PSD que representavam 450 milhões de euros, "sem aumentar o défice".