O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, desafiou hoje, domingo, o primeiro-ministro e o líder do seu partido, Passos Coelho, a deslocarem-se à região para aprenderem o que é "um estado social".
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Jardim discursava na Festa da Uva e do Agricultor, no Porto da Cruz, freguesia nortenha do concelho de Machico, onde considerou que, numa altura "em que Lisboa fala muito de estado social", a região foi pioneira na criação de um sistema de saúde pública, depois da democracia, sendo ainda responsável pela "renovação de noventa por cento do parque escolar".
Exemplos suficientes para o governante afirmar: "o estado social é aqui na Madeira e eu quero dizer ao engenheiro Sócrates e ao doutor Passos Coelho que, se querem saber o que é um estado social, venham à Madeira e aprendam", declarou.
Jardim relembrou que a região tem vivido um "ano difícil", motivado pela intempérie de vinte de Fevereiro, depois pelos incêndios, tendo ainda recordado o acidente no comício do PSD-M, em Porto Santo.
A região foi particularmente afectada este ano pelos incêndios que Jardim classificou de "terrorismo", sustentando que a Madeira "faz parte de uma república portuguesa que não tem, nem leis adequadas, nem aparelho de justiça adequado, nem efectivos capazes de pôr termo a este terrorismo".
Perante as pessoas que se juntaram para ouvir o discurso, depois de um cortejo alegórico onde fez questão de se integrar, Jardim insistiu que o arquipélago está sob um "estatuto constitucional" que não deseja, afirmando-se "pela mudança de uma situação colonial", sugerindo um referendo para resolver o impasse.
"A Madeira não aceita, a assembleia legislativa da Madeira, representante democrática do povo madeirense não aceita o estatuto constitucional que Lisboa nos está a impor sem referendo e sem aceitação do povo madeirense", afirmou.