Jerónimo Sousa diz que PS "exagera" ao acusar PR de se "intrometer" na agenda do PS sobre casamentos homossexuais
O secretário-geral do PCP afirmou sábado à noite que o PS está a "exagerar" quando acusa o Presidente da República de se "intrometer" na agenda do PS sobre casamentos homossexuais, frisando que o PS "está a dramatizar demais".
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Questionado em Braga pelos jornalistas sobre declarações proferidas pelo deputado socialista Sérgio Sousa Pinto para quem, se o Presidente da República fizer "coro" com a oposição de direita, colocará em causa a estabilidade política", Jerónimo Sousa considerou que tal "é, no mínimo, abstruso".
"O Presidente da República não me passou nenhuma declaração para eu o defender, mas penso que é apenas uma opinião do Presidente República e que não é explicável que alguém que é deputado venha agora dizer que é uma ingerência, o que é um exagero", afirmou, dizendo que a posição de Cavaco Silva "não é razão para o PS se ofender".
"Se fala é porque fala se não fala é porque não fala", acentuou, aludindo a recentes tomadas de posição do PS sobre a actuação do Chefe de Estado.
O dirigente do PCP falava aos jornalistas no final de um jantar de Natal da Organização Regional de Braga do partido, que juntou 300 militantes do distrito.
Sobre uma aparente posição crítica de Cavaco Silva acerca da opção do Governo de legislar sobre o casamento homossexual em tempo de crise económica, Jerónimo Sousa concordou que "deve haver uma definição e uma clarificação sobre as prioridades, que são a crise económica, os salários dos trabalhadores, os desempregados e o acesso da juventude ao trabalho".
"Não ponho isso em termos dicotómicos mas parece não haver tempo para discutir a destruição do aparelho produtivo nacional", afirmou, considerando que o PR manifestou "preocupações que são justas".
Jerónimo Sousa pronunciou-se ainda sobre uma declaração feita por Cavaco Silva acerca da necessidade de se incentivar a natalidade, classificando-a como "uma boa intenção", mas contrapondo que "deveria, também, pronunciar-se sobre o objectivo dos supermercados de querer por os jovens trabalharem 60 horas por semana, e 12 por dia, prejudicando a sua vida familiar, e, ainda por cima, avisadas a singelo, no dia anterior, sobre o horário a que se vão sujeitar no dia seguinte".
"Reconheça-se à juventude os seus direitos de trabalho e naturalmente a natalidade aumentará", disse.
Na sexta-feira, o Presidente da República foi questionado pelos jornalistas sobre a aprovação pelo Governo de uma proposta de lei que visa permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na resposta, o Chefe de Estado disse que a sua atenção estava no desemprego, no endividamento do país, no desequilíbrio das contas públicas, na falta de produtividade e de competitividade.