<p>O BE termina hoje, terça-feira, as jornadas parlamentares em Viseu com o voto contra a proposta de Orçamento do Estado para 2011 já anunciado e onde tem vincado que a austeridade "não é uma inevitabilidade" na resposta à crise.</p>
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Hoje de manhã, o grupo parlamentar bloquista reúne-se à porta fechada e termina as jornadas com uma intervenção do presidente da bancada, José Manuel Pureza, onde deverão ser apresentadas novas propostas no âmbito do Orçamento do Estado para 2011.
Na segunda-feira à noite, num jantar no centro de Viseu, o coordenador do BE, Francisco Louçã, anunciou que o partido votará contra a proposta apresentada pelo Governo, uma posição que já era esperada.
Nas duas intervenções que teve no primeiro dia de jornadas parlamentares, Louçã insurgiu-se contra os que apontam as medidas de austeridade como único caminho para que Portugal responda à pressão dos mercados financeiros.
Louçã defendeu a taxação em 0,0001% das transacções bolsistas ou a criação de um imposto progressivo sobre o património mobiliário e imobiliário como medidas para angariar receita.
O coordenador bloquista lançou ainda um apelo à mobilização na greve geral marcada para 24 de Novembro.
"Dentro de um mês haverá uma greve geral, que traz em Portugal, como noutros lugares da Europa se tem sentido, aquele sentimento imenso do 25 de Abril que é preciso fazer, da mobilização democrática, da capacidade de resposta por quem está desempregado, por quem não tem voz, por mulheres que ainda têm salário inferior nas mesmas categorias dos homens das suas profissões, pelos jovens sem trabalho, pelos que têm de emigrar, pelos que têm trabalho temporário, pela grande maioria dos pobres", referiu.
Já o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza, destacou a escolha do distrito de Viseu para a realização das jornadas, dizendo que os bloquistas querem "falar ao país deste país do interior".
Pureza assinalou que muitas vezes os deputados da Assembleia da República abordam as dificuldades vividas no país como "abstracções" e salientou a importância do contacto com os cidadãos de concelhos distantes dos centros de decisão, especialmente num momento de maiores dificuldades.
Depois de uma manhã dedicada à agricultura e após a sessão de abertura das jornadas, os deputados do BE espalharam-se por vários concelhos de Viseu, reunindo com profissionais das mais diversas áreas, e alguns visitaram também o centro histórico da capital de distrito.
No passeio pelas ruas de Viseu, os deputados confrontaram-se com uma cidade que vive a desertificação dos centros históricos e a ocupação das periferias, uma questão recorrente em várias cidades médias do país.
Os deputados foram ainda confrontados com a taxação das Scut - a A24 (que liga Viseu a Chaves) e a A25 (de Vilar Formoso a Aveiro) vão passar a ter portagens em Abril de 2011 - e com o alargamento dos horários das grandes superfícies (e consequentemente dos dois grandes centros comerciais que existem em Viseu), duas questões que marcam actualmente este distrito.