<p>O primeiro-ministro, José Sócrates, acusou o PCP de pretender lançar o país numa crise política, quando atravessa uma difícil conjuntura financeira, e de desrespeitar o resultado das eleições legislativas realizadas há seis meses.</p>
Corpo do artigo
José Sócrates falava na sessão de abertura do debate da moção de censura do PCP ao Governo, na Assembleia da República, numa intervenção em que também acusou o Bloco de Esquerda de "irresponsabilidade", por se juntar aos comunistas na censura ao executivo.
Apesar de as críticas de Sócrates se terem centrado na opção política do PCP, deixou também uma advertência ao PSD e CDS-PP, partidos que já anunciaram a sua abstenção face à moção de censura da bancada comunista.
"É preciso dizer que os partidos que se situam à direita neste hemiciclo, ao optarem pela abstenção, perdem uma oportunidade soberana para serem totalmente claros na recusa do oportunismo e da instabilidade política", considerou.
As palavras mais duras do primeiro-ministro foram dirigidas ao Grupo Parlamentar do PCP, observando que "em plena crise nos mercados financeiros, perante um perigoso ataque especulativo e sistémico a toda a zona euro, há um Parlamento - um único Parlamento em toda a Europa - que se reúne para discutir se deve mergulhar o país numa crise política".
"Para o PCP - por extraordinário que pareça - este é o melhor momento para deitar abaixo o Governo e fazer novas eleições, mesmo apesar de Portugal ter acabado de sair de um ciclo de três actos eleitorais e de estar a pouco mais de seis meses de outras eleições - as eleições para a Presidência da República. Os portugueses julgarão se era mesmo de um debate sobre a conveniência de uma crise política que Portugal agora mais precisava. O país fica a dever mais esta ao PCP", disse, usando um tom crítico.
A seguir, Sócrates acusou o PCP de pretender lançar o país numa crise política, o que, na sua perspectiva, "diz tudo sobre o sentido de responsabilidade" dos comunistas.
"Ao juntar-se ao PCP nesta irresponsável moção de censura, o Bloco de Esquerda revela também, com total evidência, que prefere estar de fora do círculo da responsabilidade política nacional", acusou.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro voltou a defender que as medidas de austeridade tomadas pelo Governo tiveram o critério "da justiça social, porque procedem a uma justa distribuição de esforços".
O líder do executivo procurou ainda defender a tese de que as medidas tomadas visaram assegurar a sustentabilidade do Estado social, "em particular da Segurança Social pública, do Serviço Nacional de Saúde e da escola aberta para todos".
"Esta moção de censura vai ser derrotada, como merece. A sua derrota será a vitória do sentido da responsabilidade e da estabilidade política", considerou o primeiro ministro.