O líder do BE considerou hoje, sexta-feira, que os resultados divulgados pela OCDE sobre a educação são consequência "do esforço heróico" dos professores que valorizaram a escola pública e se bateram contra "a divisão arbitrária da carreira".
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Durante o debate quinzenal no Parlamento, Francisco Louçã assinalou que o estudo da OCDE mostra que "as escolas com melhores resultados são as que priorizam os professores, o seu pagamento e a sua qualidade" e que ao fim de três anos, o mérito dos resultados conhecidos esta semana são "o resultado do esforço heróico de professores que valorizaram a escola e contribuíram para a sua promoção e para a sua igualdade".
O líder do BE referiu-se contudo a um outro relatório divulgado, esta semana, pela UNICEF, que revela que "em Portugal há 300 mil crianças pobres" e lançou críticas ao Governo, interrogando "como é que se pode melhorar a escola se agora o Governo nos anuncia que vai cortar na acção social escolar".
Na resposta, o primeiro-ministro, José Sócrates, que considerou que os resultados da OCDE representam "um momento histórico em que se abandonam posições que indiciavam claramente um enorme défice na qualificação das pessoas em Portugal" e colocam o país "na média dos países mais desenvolvidos do mundo", aproveitou também para criticar os bloquistas, afirmando que "a História mostrou mais uma vez que não tinham razão".
"O que estes resultados vêm demonstrar é que o discurso anti-PS que o BE sempre teve no caso da educação foi sempre um discurso sem razão e que em nada contribuiu para o sucesso do nosso sistema público de ensino e que foi desmentido agora por estes resultados", advogou.
Por seu lado, Louçã voltou a insistir que "os resultados demonstram que a escola venceu quem se lhe quis opor e os professores fizeram bem em valorizar a escola apesar de todos os ataques", numa crítica implícita ao Governo.
O líder bloquista questionou mesmo o chefe do Governo sobre "porque é que correu com a ministra Maria de Lurdes Rodrigues" se "as coisas correram tão bem" na educação, após Sócrates ter dito que o relatório da OCDE foi "o maior elogio" que já tinha lido "alguma vez escrito por uma organização internacional relativamente a todas as medidas que o Governo tomou".
"Não haverá nenhuma alteração no despedimento individual"
Louçã apontou ainda uma contradição ao Governo no caso dos dividendos da PT e desafiou o primeiro-ministro a explicar que indicações deu ao ministro das Finanças quando este disse no Parlamento não ter dado instruções à Caixa Geral de Depósitos para tomar posição no caso e questionou o executivo sobre o "Fundo de Capitalização de Despedimentos" que, segundo o bloquista, servirá para pagar uma parte das indemnizações dos despedimentos em 2011.
Sobre este última tema, Sócrates acusou Louçã de "fantasiar": "Despedimentos no próximo ano? Isso é um disparate total, senhor deputado".
O chefe do executivo socialista rejeitou ainda os despedimentos sem justa causa, sublinhando que a posição do Governo "é clara".
"Não haverá nenhuma alteração no despedimento individual, nem nenhuma alteração à noção de justa causa, que está muito bem como inspiradora do nosso mercado laboral", sustentou.