Louçã desafia Sócrates a parar com plano de privatizações que "desagrega economia do país"
O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã desafiou, na segunda-feira à noite, em Guimarães, o primeiro ministro a "parar com o sistema de privatizações que conduz à desagregação económica do país".
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"Eu sei que o primeiro ministro vai falar no encerramento das jornadas parlamentares do seu partido e, por isso, lhe deixo já o desafio de parar com o sistema de privatizações dos Correios, dos seguros da Caixa Geral de Depósitos, de bens essenciais, de grandes empresas energéticas e de grandes monopólios", declarou.
O dirigente partidário sustentou que as empresas a privatizar "pagam uma parte dos recursos do Estado", pelo que, acentuou, "parar com essas privatizações é uma condição para recuperar para a economia portuguesa aquilo que doutra forma será sempre pago por aumentos de impostos".
O responsável partidário falava num comício realizado no Largo da Oliveira, no centro histórico de Guimarães, onde participou o deputado eleito pelo círculo de Braga, Pedro Soares.
Na opinião de Louçã, "para combater e para recusar a política de aumento de impostos é preciso ter recursos, aqueles recursos que resultem do pagamento das empresas que fogem ao IRC [Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas] ou daqueles que conseguem colocar nos paraísos uma parte tão importante das suas fortunas que chega já a dez por cento do PIB [Produto Interno Bruto] português".
"Por isso, o desafio é muito claro: parar o plano de privatizações em nome de uma economia concentrada na criação de emprego, em nome de utilização de recursos e não do desperdício, em nome de contas certas e com transparência e não deste desperdício sem fim que é a economia do privilégio, da injustiça e dos negócios", afirmou.
Para o BE, "um governo que continua este caminho para fazer negócios com o PSD, no aumento de impostos, do subsídio de desemprego, da redução do salário e na facilitação dos desemprego é um governo que não responde às questões essenciais da economia".
Louçã lembrou que o Governo de José Sócrates prevê que, em 2011, haja mais 50 mil desempregados, mais mil por semana, o que, assinalou, "quer dizer que o desemprego se pode aproximar das 750 mil pessoas, isto se estas medidas económicas continuarem".
No seu discurso, o líder do BE criticou, também, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, por concordar com as privatizações e por ter acabado de propor mais privatizações, entre as quais a das Águas de Portugal, "algo a que o governo actual nunca se tinha atrevido".
"Por que é que Passos Coelho quer privatizar as águas? Porque não tem concorrência e, por isso, não há melhor negócio do que entregar a privados um recurso da vida, sem a qual não se vive", sustentou.
O líder bloquista criticou, ainda, a sugestão de Passos Coelho de que "se avance no pagamento dos serviços de saúde, ou seja, que deixe de ser distinto o serviço público e o privado".
"Passos Coelho quer acabar com a diferença, quer que as pessoas paguem o privado, como já sucede, mas paguem também o serviço público e que este deixe de ser uma garantia de todos e passe a ser uma área de negócios do Estado para empurrar as pessoas para o privado, para conseguir um novo imposto e uma nova portagem", apontou.