Um dos seis doentes internados no Hospital de Santa Maria que ficaram cegos devido a um tratamento oftalmológico, e que tinha prognóstico reservado, revelou hoje, quarta-feira, uma melhoria "muito positiva".
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"Num dos doentes que se encontrava em situação clínica de prognóstico muito reservado verificou-se melhoria anatómica e funcional muito positiva", lê-se no último ponto da situação clínica dos seis doentes que continuam internados no serviço de Oftalmologia do Hospital de Santa Maria (integrado no CHLN), enviado ao final da tarde de hoje, quarta-feira.
O serviço do hospital anunciou no domingo passado que dois doentes, dos seis que ficaram cegos, tinham possibilidade de recuperar a visão, mas três tinham um prognóstico mais reservado e um outro tinha um desfecho ainda incerto devido a agravamento da sua situação clínica.
O hospital veio esta tarde dizer que o doente submetido a intervenção cirúrgica no sábado revela melhoria do ponto de vista estrutural, mas "não é ainda possível emitir prognóstico consistente sobre a eventual recuperação funcional".
Em outros dois doentes, acrescenta o Centro Hospitalar, a melhoria anatómica observada ainda não se acompanha de melhoria funcional, enquanto num dos doentes com prognóstico "muito reservado" verificou-se uma melhoria muito positiva.
"Os outros dois doentes, em que já se observava melhoria clínica, estrutural e funcional, continuam a ter evolução favorável", acrescenta a mesma fonte.
O CHLN adianta manter o acompanhamento clínico dos doentes por equipa multidisciplinar de oftalmologistas, internistas, diabetologistas, psiquiatras e psicólogos, bem como o contacto permanente com as famílias.
"A Direcção Clínica reafirma o seu apoio e confiança na direcção e nos profissionais do serviço de Oftalmologia, cujo envolvimento no acompanhamento dos doentes se tem revelado inexcedível", conclui a mesma fonte.
Na terça-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa abriu um inquérito-crime sobre este caso que levou à cegueira de seis pacientes no Hospital de Santa Maria.
A instauração deste processo pretende apurar a existência de um eventual crime de erro em intervenções e tratamentos médicos e/ou crimes de corrupção de substâncias médicas.
Além da investigação determinada pelo DIAP, estão em curso outras duas investigações ao caso: uma da responsabilidade da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), para verificar em termos laboratoriais o medicamento (Avastin) aplicado aos doentes, e outra da iniciativa da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), para apurar o que realmente se passou relativamente a este caso.