Um acidente com uma viatura da GNR provocou a morte do sargento-ajudante Hermenegildo Marques, 42 anos, residente em Évora. O cabo José Branquinho, 50 anos, de Santa Comba Dão, ficou ferido, tendo sido transportado para a Austrália para ser observado.
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“Não há palavras, não há lágrimas, que possam expressar a dor, a tristeza e a desolação que vivemos”, disse ao JN um amigo da família de Hermenegildo Marques.
O sargento-ajudante, do Comando Territorial de Évora (CTE), tinha dois filhos, uma rapariga de 26 anos e um rapaz de 18, que viu a tragédia da morte do pai “roubar-lhe” a prestação no exame de matemática de acesso à universidade.
Quando em serviço em Évora, Hermenegildo era habitual companhia do filho nas aulas de equitação que este realizava no picadeiro utilizado pela GNR.
“Os gaiatos eram o seu orgulho e grande alegria”, disse um colega do CTE, acrescentando que a ida para Timor teve como objectivo “ajudar os filhos a ter um futuro melhor e mais próspero”.
“Simples, dinâmico, comunicativo e muito positivo”, revelou um dos seus superiores, que enalteceu o seu “fácil trato”, com restantes militares da guarda.
No Bairro do Granito, onde mora a família, a notícia da morte foi recebida “como uma bomba”, deixando amigos e vizinho do pequeno aglomerado, mergulhado “na tristeza e no luto”.
“Foi muito duro. Um grande choque. Quando alguém desaparece as palavras parecem fáceis para enaltecer, mas, perdemos um grande profissional”, disse ao JN, fonte da guarda. A mulher do militar falecido, Helena, é auxiliar de educação numa escola primária.
A mulher do Cabo José Manuel Ferreira Branquinho soube do acidente por volta das duas horas, em Santa Comba Dão.
“Quando ouvi bater à porta e vi o carro da GNR na frente da casa, entrei em pânico. Futurei ao que vinham e temi o pior”, disse ao JN Cecília Branquinho.
Sossegada quanto ao estado de saúde do marido, que após o acidente foi transferido para a Austrália para ser sujeito a exames, Cecília optou por não acordar os filhos, de 16 e 24 anos.
Durante a manhã de ontem, segunda-feira, chegou a informação à família de que o militar sofreu fractura da costela, do crâneo e da coluna. “Contaram que foi tudo ligeiro e que a situação era estável”, diz a esposa.
Às 11 horas, hora portuguesa, Cecília conseguiu finalmente falar com o marido por telefone. “Perguntei-lhe como estava e gracejou. É sempre assim, muito brincalhão. Disse-me que estava deitado, por isso estava bem!”, recorda a mulher.
José Branquinho tem 50 anos. Está há cerca de 30 na GNR. Em 5 de Abril partir para Timor, para uma missão de seis meses, integrado na Brigada de Minas e Armadilhas da GNR. O regresso está marcado para 4 de Outubro.
“Militar experiente e cuidadoso”, o acidente foi ontem justificado com uma eventual falha de travões.