O ministro das Finanças alemão disse, este sábado, que Portugal necessita de medidas "sustentáveis" para reduzir o défice, enquanto a ministra francesa defendeu que a União Europeia tem de analisar as necessidades do país para determinar ajuda.
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Portugal "tem de entregar medidas sustentáveis para reduzir o défice", considerou Wolfgang Schaeuble, citado pela Bloomberg, perante os jornalistas no segundo e último dia de trabalhos da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, no palácio de Godollo, arredores de Budapeste.
Já a ministra das Finanças da França defendeu que a União Europeia tem de examinar as necessidades de Portugal para determinar o valor da ajuda externa a dar ao país.
"Nunca escrevo sem confirmar primeiro a conta", frisou Christine Lagarde, acrescentando que "trabalho tem de ser feito rapidamente".
Da parte da Bélgica, o ministro das Finanças, Didier Reynders, afirmou que a zona euro necessita de "melhor crescimento" tal como de reduções de défices para restaurar as finanças públicas em alguns dos seus estados membros.
"Precisamos tentar ter não só uma melhor consolidação fiscal, mas também melhor crescimento", frisou antes de entrar para a reunião dos ministros europeus.
"Claro que é uma altura difícil, com a crise na área económica e social, mas temos de explicar que para haver melhor crescimento e criação de emprego, precisamos de voltar a ter alguns esforços na consolidação fiscal, mas isso não significa austeridade", referiu Didier Reynders.
O ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan, disse que o pacote a ser negociado para Portugal não vai afectar o programa de ajuda à Irlanda.
"São programas distintos", disse Michael Noonan para quem embora haja algumas semelhanças, um programa não impede o outro.
À Lusa, a ministra das Finanças de Espanha considerou que "é melhor" a existência de um acordo entre os partidos políticos portugueses sobre a assistência financeira tendo dado como exemplo a experiência do Brasil com o FMI em 2002.
"Sempre é melhor que haja um acordo por parte dos partidos", declarou Elena Salgado à chegada à reunião dos ministros das Finanças.
"As instituições europeias farão tudo o que puderem para ajudar Portugal, mas insisto que isso tem de ser feito pelas próprias forças [políticas] portuguesas", disse.
O ministro das Finanças defendeu sexta-feira, também em Godollo, que cabe às instituições internacionais a responsabilidade de negociar com a oposição o pacote de assistência a Portugal, apesar de Bruxelas considerar que essa é a tarefa do Governo.
Os ministros das Finanças da Zona Euro e da União Europeia activaram sexta-feira o processo que vai levar à concessão de uma assistência financeira a Portugal estimada em 80 mil milhões de euros e pediram, entre outras coisas, o envolvimento de todos os partidos nas negociações que vão começar.