"Vamos garantir ao presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, que a NATO ficará no país enquanto for necessário. Não sairemos de lá enquanto não concluirmos o nosso trabalho", afirmou hoje, sábado, o secretário-geral da NATO. Anders Fogh Rasmussen, na abertura da cimeira da ISAF-Afeganistão, no Parque das Nações, Lisboa.
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As declarações do ex-primeiro-ministro da Dinamarca indiciam a permanência da Aliança Atlântica naquele território muito para lá de concluídas as operações de combate. O que se espera que aconteça em 2014, após "a passagem gradual, província a província, cidade a cidade, da responsabilidade da manutenção da segurança da ISAF para as forças afegãs", disse Rasmussen.
Na sua curta declaração inaugural da reunião que juntou os chefes de Estado e de Governo dos 48 países envolvidos na ISAF (Força Internacional de Assistência à Segurança) ao presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, Rasmussen garantiu que a passagem da segurança para as forças autóctones começará no início de 2011 e será intensificada a partir da Primavera.
Não especificou, porém, quais as províncias, das 37 do país, que deverão iniciar o processo, debate que será retomado pelos embaixadores e patentes militares após o termo da 26.ª Cimeira de Lisboa, e após a anuência dos aliados ao plano delineado pelo general norte-americano David Petraeus, comandante das forças internacionais que têm cerca de 131 mil homens, dos quais 191 portugueses, no território.
Para alcançar este objectivo, a NATO vai intensificar a formação das forças de segurança locais, para que os efectivos do Exército e da Polícia afegãos passem dos actuais 243 mil para 305 mil em Outubro do próximo ano. Para esse efeito, Portugal deverá duplicar, conforme foi anunciado ontem pelo ministro da Defesa nacional, Augusto Santos Silva, a sua presença no Afeganistão, que deverá ascender a cerca de 250 homens na próxima Primavera.
O conflito no Afeganistão dura há nove anos e já provocou mais de 2100 mortos entre as forças ocidentais (incluindo dois portugueses); as vítimas civis, entre mortos e feridos, estão estimadas em cerca de 20 mil. Rasmussen deixou bem claro, ainda, na sua declaração, que "os aliados continuarão a dar apoio ao Afeganistão depois de as tropas saírem", uma vez que a componente civil é de suma importância para ganhar uma guerra que, por enquanto, não tem fim à vista.