Durante três anos foram tantas as reivindicações e protestos que apresentou no ME que, por diversas vezes, os jornalistas lhe disseram, ironizando, que um dia faria declarações, sentado, na sala de Imprensa do ME.
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Fê-lo ontem de madrugada, tal como conseguiu que fossem aprovadas alterações impensáveis na anterior legislatura. Considera, no entanto, que mesmo assim "fez muitas cedências"; quando as explica, no entanto, minimiza parte delas.
O que desbloqueou o acordo?
O mais difícil foi encontrar um mecanismo que garantidamente permitisse a todos os professores avaliados com "Bom" chegarem ao topo da carreira.
Que mecanismo é esse?
Primeiro, os professores com Excelente e Muito Bom deixaram de ocupar vagas; depois, os classificados com Bom que não entrem no primeiro ano em que tenham o tempo de serviço para a progressão tem majoração de 0,5% à sua classificação. Vou explicar: um docente com nota de 6,5 (a mais baixa para Bom), no próximo ano, concorrerá com 7, ao fim de dois 7,5 e no terceiro ano 8, que é classificação igual à de Muito Bom, pelo que ficará sempre antes de qualquer Bom na lista para progressão.
Que cedências fez?
Muitas. As quotas mantiveram-se, mas é verdade que os seus efeitos foram diluídos. Tivemos noção que estávamos perante um mecanismos, que atinge toda a Função pública, e seria mais difícil de resolver. Há aspectos ao nível do tempo de serviço, nomeadamente na transição para a nova carreira, que vão ter de ser melhor pensados. A avaliação tem muitos mecanismos que não defendemos, como os ciclos de dois anos ou a demasiada centralização do processo no director. Agora temos consciência de que aspectos mais perversos têm mais a ver com o modelo de gestão do que com a avaliação. Tivemos que decidir entre uma carreira em que dois terços dos professores, 100 mil garantidamente, não passavam do meio da estrutura e uma carreira em que todos chegam ao topo, em ritmos diferenciados, claro desde que tenham mais de Bom.
Quais as prioridades a partir de agora?
Em primeiro lugar a concretização em articulado dos princípios agora acordados. Depois os horários. Além do ECD, há os concursos, tendo ficado já definido que haverá alteração de legislação até ao próximo concurso, antecipado para 2011. Depois há ainda a gestão, a Educação Especial, o Estatuto do Aluno. Como tantos outros.