A oposição parlamentar afirmou, esta quinta-feira, que as medidas previstas no Documento de Estratégia Orçamental "matam" qualquer política para o crescimento e o emprego e mostram uma predominância do ministro das Finanças nas opções do Governo.
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"Com estas metas e este discurso aqui na Assembleia da República, o ministro das Finanças reduziu à insignificância política o discurso do ministro Paulo Portas, de Álvaro Santos Pereira e do PSD, mas valha a verdade que isto já é um clássico neste Governo", disse o deputado socialista Rui Paulo Figueiredo, numa intervenção em plenário.
O deputado do PS falava durante um debate agendado pelo PCP sobre uma política alternativa que resgate o país do declínio económico e social.
Na sua intervenção, Rui Paulo Figueiredo considerou que "o caminho seguido pelo Governo nos últimos dois anos tem sido um desastre" em toda a linha, apesar de estar "a ir ao bolso dos portugueses de todas as formas".
"O Governo não acerta uma previsão e não atinge uma única das suas metas, já nem no seio do Governo se acredita no ministro das Finanças e com este documento de estratégia orçamental o Governo acena com a bancarrota", afirmou.
O deputado do PS referiu que as novas medidas de austeridade relegam o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, à "irrelevância política".
"A resposta está dada e nós tínhamos razão, as propostas da economia foram eclipsadas pelo documento, que não muda de políticas nem de receita, por isso a mesma receita vai conduzir aos mesmos resultados", criticou Figueiredo.
Neste contexto, o socialista defendeu como medidas prioritárias "o aumento do salário mínimo nacional e das pensões mais baixas através da concertação social", além do prolongamento do subsídio social de desemprego em mais seis meses.
Pelo BE, a deputada Mariana Aiveca afirmou que o novo documento de estratégia orçamental "matou qualquer estratégia de crescimento", assinalando que "o desemprego em 2016 estará em 17,5%".
O deputado do PCP João Oliveira acusou o Governo de "fazer um saque do dinheiro público para satisfazer as necessidades do capital" e de enganar os contribuintes com "a patranha do não há dinheiro" para aumentar salários e pensões.
Da bancada "laranja', o social-democrata Afonso Oliveira advogou que a oposição faz propostas "foram do quadro do possível" e defende "o incumprimento" do memorando acordado com a ?troika'.
"O PS tem enormes responsabilidades no estado das contas públicas e não assume os erros do passado, até tem orgulho no seu passado recente, que foi um desastre", criticou.
No mesmo tom, o centrista Michael Seufert acusou o PS de estar "numa posição muito confortável do toca e foge"e defendeu que é preciso diferenciar "entre propostas e intenções".
"O PS negociou as metas e as maturidades, as bases do programa de ajustamento, e agora grande solução é um novo governo, ainda nos lembramos bem do último governo do PS", ironizou.