Francisco Louçã desafia o Governo a apresentar um modelo de avaliação professores "ponderado e concreto". Paulo Portas quer "suspender o que está errado". Primeiro-ministro diz que suspender o actual modelo "seria totalmente irresponsável".
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No debate do programa do Governo, no Parlamento, o líder do CDS-PP defendeu a suspensão "do que está errado" na avaliação dos professores, com o primeiro-ministro, José Sócrates, a admitir apenas aperfeiçoamentos para o futuro.
Paulo Portas perguntou ao primeiro-ministro se está disponível para que seja o Parlamento a "indicar o caminho" de um novo modelo de avaliação, para "substituir o que não está bem por algo que será melhor".
O líder do CDS-PP defendeu que o caminho deve "obviamente passar pela suspensão do que está errado quer na divisão dos professores titulares e não titulares quer no modelo de avaliação".
Na resposta, o primeiro-ministro rejeitou em absoluto a suspensão da avaliação dos professores que está em curso afirmando que "não está disponível para ajustes de contas com o passado" e a "deitar para o caixote do lixo" o trabalho feito pelos professores.
"A melhor solução é todos reflectirmos como vai ser a nova avaliação mas devemos levar a que está até ao fim. Se querem dialogar e construir, construamos para o futuro, melhoremos. Mas não façamos ajustes de contas políticos com o passado", disse o primeiro-ministro.
Uma “declaração de guerra” aos professores
O líder do BE desafiou o primeiro-ministro a apresentar como primeira medida da legislatura uma "lei ponderada e concreta" para substituir o actual modelo de avaliação de professores, que diz ser uma "declaração de guerra" aos docentes.
"O desafio que colocava ao Parlamento perante o país é fazer a sua primeira lei ponderada e concreta para substituir este modelo de avaliação, nisso estará todo o empenho do BE, a primeira lei do Parlamento", afirmou Francisco Louçã, durante o debate do Programa do Governo.
Para o líder do BE, o executivo socialista "insiste em perder tempo numa avaliação que é uma declaração de guerra, incompetente e inconclusiva".
Referindo-se implicitamente à operação "Face Oculta", o líder do BE desafiou ainda José Sócrates a aceitar "uma prioridade republicana que é o princípio da transparência" quando há uma "grande corrupção tentacular organizada a atacar o país".
49 mil professores já foram avaliados
Por seu lado, o primeiro-ministro desafiou Francisco Louçã a "ter presente que o PS ganhou as eleições" e referiu que a proposta já apresentada pelos bloquistas sobre a avaliação impõe a sua suspensão quando já foram avaliados "quase 49 mil professores".
"Não se melhora deitando todo o trabalho dos outros anos para o lixo, esse não deve ser o caminho", afirmou.
"Eu não sou a favor de nenhuma suspensão e sugiro que isso não seja feito, pela simples razão de que isso seria absolutamente irresponsável", acrescentou José Sócrates.
PEV acredita na união da oposição
A deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) Heloísa Apolónia acredita que a avaliação de professores será suspensa caso a oposição se junte.
"Tem alguma dúvida que esta avaliação vai ser objecto de uma suspensão acaso todas as oposições sejam responsáveis com o que defenderam no passado?", questionou a deputada no debate do programa do Governo, dirigindo-se a José Sócrates.
Para Heloísa Apolónia, a avaliação é "uma aberração", sustentada em "quotas que minimizam os bons professores", em vez de os avaliar, e que foi criada "para poupar dinheiro e para não permitir a progressão dos professores na carreira".
José Sócrates considerou que "uma aberração" seria não existir avaliação de professores e considerar que "o melhor é ter um sistema público de ensino sem condições para premiar o desempenho, o mérito e o esforço".