<p>A troca de acusações entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho continua com o líder do PSD a recusar mais encontros a sós e o primeiro-ministro a lamentar o agravo pessoal. O Governo quer negociar 2011, mas os sociais-democratas estão irredutíveis em 2010.</p> <p> </p>
Corpo do artigo
O PSD está disponível para apoiar uma revisão do PEC II que permita corrigir as medidas aprovadas em Maio para garantir o corte nas despesas públicas na altura avaliado em mil milhões de euros.
“Eu disse ao primeiro-ministro que estamos disponíveis para viabilizar outras medidas que ajudem a corrigir a despesa em 2010, mesmo que sejam medidas violentas”, afirmou Pedro Passos Coelho ao JN.
O líder social-democrata recusa identificar as medidas em concreto por se tratar da “competência do Governo”, mas dificilmente deixarão de incidir sobre a despesa social. Caberá a José Sócrates distribuir os sacrifícios e assumir a responsabilidade de, por exemplo, congelar o subsídio de Natal deste ano.
“O PSD não está a querer fazer uma zaragata nem um regateio do Orçamento. Se o Governo entende que essas condições do PSD não são justas, então que diga qual é a alternativa em termos de método e de apoio político e talvez consiga”, disse ontem, domingo, nos Açores.
As negociações iniciais acabaram em registo azedo.
Passos Coelho acusou o primeiro-ministro de faltar à verdade sobre o que aconteceu nas reuniões e anunciou que não volta a conversar com o primeiro-ministro “sem que existam outras pessoas que possam testemunhar a conversa”.
José Sócrates respondeu ontem poucas horas antes de discursar nas Nações Unidas (ver página 8). “Tomo as declarações do líder do PSD pelo que são: um agravo pessoal absolutamente inadmissível e injustificável”, disse à Lusa.
Ao mesmo tempo que o primeiro-ministro assumia a ruptura, três dos seus ministros repetiam apelos ao diálogo.
Augusto Santos Silva afirmou que ainda existem condições para um entendimento. “É possível, desejável e necessário”. Vieira da Silva, ministro da Economia, corroborou as declarações do seu colega da Defesa, dizendo que “sem capacidade de entendimento todos ficamos a perder”. António Mendonça, das Obras Públicas, disse que “tem que haver consenso” entre o PS e o PSD.
Também Mário Soares apelou ao “bom senso mínimo” para evitar “grave crise política”.