O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou este domingo que existe uma verba excedente de cerca de dois mil milhões de euros para "pagamentos à economia". Em entrevista ao jornal "Público", o primeiro-ministro diz ainda que há coincidência e não colagem às posições de Merkel sobre a Europa.
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Numa entrevista ao "Público", Passos Coelho explicou que o défice deste ano "não estará em causa devido à transferência dos fundos de pensões da banca", sublinhando "algo de muito positivo relacionado com essa transferência: existe uma verba de cerca de dois mil milhões de euros" para "pagamentos à economia".
Disse ter como objectivo, em duas legislaturas, "pelo menos reduzir a despesa pública - com qualidade, serviço social, preocupação social - a um nível não superior a 42-40% do Produto Interno Bruto (PIB)".
A propósito da "grande escassez de recursos" que o país atravessa, o chefe do Executivo deixou um aviso: "Temos de ter a certeza de que aqueles que recebem rendimento social de inserção são mesmo os que mais precisam dele e não pessoas com alternativas de trabalho, e que estão sentadas sobre essa prestação que o Estado lhes oferece e a complementam com um certo nível de economia informal".
"Seria revoltante, sendo Portugal o segundo país mais desigual da Europa, não ir concertando as coisas de modo a tornar o país mais justo. Apesar dos fracos recursos", adiantou.
Ao longo de uma entrevista de sete páginas, com destaque na primeira página, Pedro Passos Coelho explica ainda a questão do aumento do IVA sobre a restauração e os bens culturais.
"Foi possível propor a compensação da perda de receita no caso dos espectáculos culturais (cerca de 20 milhões de euros) com o agravamento dos impostos especiais sobre o álcool e o tabaco", disse.
A perda de receita no caso da restauração "seria de várias centenas de milhões de euros, o que só poderia ser compensado com agravamentos sensíveis de outros impostos, nomeadamente do IRS".
Pedro Passos Coelho negou que as suas ideias sobre a Europa estejam coladas à "senhora Merkel, ou à Alemanha".
A sua posição, disse, "é a de que aqueles que forem indisciplinados devem - quando requerem a solidariedade dos outros países - devolver essa solidariedade com responsabilidade".
Questionado sobre se concorda com a chanceler alemã, Angela Merkel, Passos Coelho disse estar de acordo que "tem de haver um equilíbrio entre os mecanismos (...) de solução no curto prazo e as garantias que têm de ser prestadas de cumprimento efectivo das condições que são acordadas".
Sobre uma eventual subida da onda da contestação e da aflição sociais, o chefe do Governo disse: "A conflitualidade exacerbada só agravaria a crise e eu sei que as pessoas não desejam esse caminho".